30 DE MAIO DE 2018
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O Sr. Presidente: — Fica registado, Sr. Deputado.
Tem a palavra, Sr. Deputado Santinho Pacheco.
O Sr. Santinho Pacheco (PS): — Sr. Presidente, é para informar que apresentarei uma declaração de voto.
O Sr. Presidente: — Ficam registadas estas declarações, Sr.as e Srs. Deputados.
Amanhã temos reunião plenária às 15 horas. Da ordem do dia consta um debate, por marcação do CDS-PP,
sobre «Fundos Europeus, coesão social e territorial» e a discussão dos projetos de resolução n.os 1269/XIII (3.ª)
— Recomenda ao Governo que atempadamente proceda à definição das orientações políticas relativas à
negociação do Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027 (CDS-PP) e 1648/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo
que defenda os interesses nacionais no âmbito do Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027 (PSD).
No final do debate teremos as votações regimentais.
Sr.as e Srs. Deputados, boa tarde a todos e até amanhã.
Está encerrada a sessão.
Eram 18 horas e 27 minutos.
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Declarações de voto entregues à Mesa para publicação
Relativas aos projetos de lei n.os 418/XIII (2.ª) e 773, 832 e 838/XIII (3.ª):
Estamos perante um tema de consciência, um dos mais difíceis que conheci enquanto Deputada nesta
Assembleia.
Por princípio, em situações muito concretas e bem definidas, defendo a possibilidade de existir legislação
que permita a uma pessoa que está em sofrimento extremo e desproporcionado, sem qualquer hipótese de
melhoria, decidir se quer viver ou morrer.
Ao longo dos tempos, nomeadamente em debates onde participei, defendi a existência de um referendo
sobre este tema. Esta opção, de referendar a posição a tomar, justifica-se por vários motivos, entre os quais
está o facto de este tema não ter constado nos programas eleitorais das forças políticas mais votadas.
A importância do tema, bem visível pela forma como agitou toda a sociedade portuguesa, justifica um debate
muito alargado que permita a todos a realização de escolhas absolutamente conscientes.
Hoje, e tal como temos alertado repetidamente na Comissão de Saúde, é certo para todos que o Estado não
tem investido o suficiente nos cuidados paliativos. Este unanimismo deve obrigar a um aumento imediato das
respostas neste tipo de cuidados. De forma alguma, a eutanásia pode aparecer como uma solução economicista.
A solução legal, que acredito poder ser equacionável, deveria resolver os problemas de sofrimento extremo,
permitindo decisões individuais em situações muito concretas. Mas não deve ser uma solução fácil que empurre
os idosos para o suicídio para não criarem problemas à família.
Infelizmente, analisados dados de alguns países europeus onde a eutanásia é legislada, sinto que existem
demasiados idosos a recorrer a este sistema. Temo que num país como Portugal, onde temos muitas pessoas
a viverem com reformas muito baixas, existam idosos que se sintam empurrados para o suicídio para não serem
um problema para a família. Temo que os idosos, por decisão própria ou por bullying, optem pelo suicídio.
Mais do que nunca, julgo que a sociedade portuguesa obriga a que se debata e reflita, confrontando prós e
contras, analisando vantagens e desvantagens, de forma apaixonada mas racional. Não me parece justo, ou
sequer humano, que, perante tamanha ausência de debate, estes 230 Deputados, que aqui procuram
representar uma Nação milenar, possam, em consciência, tomar tamanha decisão com autonomia. Ainda para
mais quando, se tomada, se trata de uma decisão irreversível que não possibilitará a necessária discussão.
Voto contra estes projetos de lei porque, sem radicalismos e em consciência, acredito que, face a todas as
questões que esta problemática levanta, se exige o debate mencionado, sem estigmas, para que, no momento
certo, se possa então decidir sobre tão profunda alteração na nossa sociedade.
A Deputada do Grupo Parlamentar do PSD, Fátima Ramos.