16 DE JUNHO DE 2018
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da sua ação a sua origem. Um Governo dissimulado nos fins, incompetente na ação, deliberadamente ambíguo
nas palavras. Basta recordar a história: em novembro do ano passado, o Governo prometeu a contagem do
tempo de serviço para efeitos de progressão na carreira, tempo esse que se acumulou por força das decisões
dos governos socialistas de 2005 e 2010.
Protestos do PS.
A Sr.ª Secretária de Estado assumiu aqui, no Parlamento, no dia 15 desse mês, a contabilização do tempo
de serviço: «Vai ser encontrada uma forma de recuperação do tempo de serviço. Veremos, com os sindicatos,
de que forma se fará o seu faseamento».
Três dias depois, o Governo assinou uma declaração de compromisso com todos os sindicatos, onde assume
negociar — e passo a citar — «o modelo concreto de reposição de carreira que permita recuperar o tempo de
serviço».
No Orçamento do Estado para este ano foi introduzido expressamente um artigo sobre esta matéria e, para
que nenhuma dúvida pairasse, os partidos que apoiam o Governo fizeram aprovar, em janeiro, um projeto de
resolução a reforçar que fosse «contado todo esse tempo». Era, pois, para o Governo, uma questão de modo e
prazo de reposição e não de reconhecimento do direito.
Sete meses volvidos, o Sr. Ministro veio dizer aos professores e à comunicação social: «O tempo de serviço
prestado pelos professores não será contabilizado para efeitos de progressão na carreira», deu por terminadas
as negociações, retirando a proposta feita em março.
O Sr. Ministro veio assumir, perante o País, que o Governo fez declarações públicas e afirmou compromissos
que não pretendia cumprir. O Governo enganou os professores e mentiu ao Parlamento e ao povo português.
Aplausos do PSD.
Vozes do PS: — Não é verdade!
A Sr.ª Margarida Mano (PSD): — O Sr. Ministro escolheu, de forma cirúrgica, e do nosso ponto de vista
irresponsável, o momento para anunciar que o Governo andou a enganar os professores: início de junho,
momento crítico do final do ano letivo, fase final das avaliações.
Para pôr cobro ao assunto, o Sr. Primeiro-Ministro, que durante sete meses teve o seu Governo a vender
ilusões, veio afirmar ao Parlamento que não havia dinheiro. Como imagina, Sr. Ministro, ninguém é mais sensível
do que o povo português a este argumento. Está fresca na memória de todos a dificuldade de governar um país
sem dinheiro para pagar salários aos funcionários públicos e o esforço para ultrapassar uma intervenção
financeira externa. Mas deixe que lhe pergunte, Sr. Ministro: quando é que o Governo descobriu que não havia
dinheiro? Quando é que se deu essa revelação? Foi agora em junho? Se sim, e a menos que nos diga o que
mudou de novembro até agora, o Governo fez mal as contas quando prometeu em novembro, e, então, o
Governo é incompetente.
Aplausos do PSD.
Ou será que o Governo sempre soube que não havia dinheiro e andou a fazer de conta que havia, escolhendo
o final do ano letivo para o assumir e colocar qualquer reação dos professores como um alvo? Neste caso, o
Governo mentiu e é irresponsável.
Aplausos do PSD.
O Governo prometeu o que não podia cumprir. A responsabilidade é do Governo e da tutela da educação,
mas é também dos partidos que nesta Assembleia, por conveniência política, aceitaram ser enganados e,
portanto, também eles enganaram os professores.
Protestos do PS.