I SÉRIE — NÚMERO 95
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A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Levianamente, o Governo anunciou o descongelamento da carreira
docente e, na cacofonia de vozes que se seguiu, permitiu todas as interpretações. Ouvimos o Sr. Primeiro-
Ministro dizer: «aquilo que estamos a fazer é repor o cronómetro a contar; uma coisa distinta é recuperar o
tempo em que o cronómetro não contou» e ouvimos depois o contrário da Sr.ª Secretária de Estado: «Aquilo
que vamos fazer com os sindicatos é criar uma forma de contagem do tempo de serviço».
Afinal, conta ou não conta? Afinal conta, mas hoje os professores não sabem com que contar.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — O Governo manteve esta indeterminação para garantir a aprovação do
Orçamento do Estado e para suster os equilíbrios com o Bloco de Esquerda e o PCP. E o Bloco de Esquerda e
o PCP mantiveram o seu hábito: negociar à mesa e reivindicar na rua, mesmo sabendo das limitações e da
ambiguidade, da qual a redação do artigo 19.º do Orçamento do Estado é exemplo notório.
Para o Bloco de Esquerda e o PCP o ganho está na própria reivindicação: se algum tempo contar, então será
porque estes partidos o exigiram, mas se nenhum tempo contar então será culpa do PS e os dividendos à
esquerda serão levantados na campanha eleitoral que se aproxima.
Todos estes partidos se aproveitaram da classe docente, alimentando ao limite uma ilusão, dizendo uma
coisa na oposição e fazendo outra quando apoiam ou são governo.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — «Não há dinheiro», avisa agora o Sr. Primeiro-Ministro. Pois, se
houvesse, as reposições salariais não estariam a ser pagas em suaves prestações até dezembro de 2019.
«Não há dinheiro», avisa agora o Sr. Primeiro-Ministro. E por uma vez disse a verdade por tantas outras em
que decretou o fim da austeridade.
Aplausos do CDS-PP.
O CDS alertou para o embuste político que é este Orçamento do Estado e, por isso, nos abstivemos nestas
normas específicas e, por isso, votámos contra o Orçamento, porque temos a noção clara que devemos respeito
aos professores e bem assim a toda a Administração Pública e que não podemos criar expectativas que depois
não podemos, como País, cumprir.
Sr.as e Srs. Deputados, era obrigação do Governo ter apresentado um plano transparente para o
descongelamento de todas as carreiras da Administração Pública, incluindo a carreira docente. O CDS exige
que o apresente agora, clarificando tudo o que terá de ser negociado: o tempo, a carreira, os salários, a avaliação
e as aposentações. Um plano que implica compromissos para o futuro e que, por isso mesmo, tem de passar
por este Parlamento.
Enquanto isto não for feito, continuaremos a assistir a um medir de forças eleitoralistas que se servem dos
professores, em tudo isto os mais prejudicados e, uma vez mais, os mais desvalorizados.
O Sr. João Oliveira (PCP): — É a habilidade do CDS para não sujar as mãos com a discussão que está em
curso!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Mas perdemos todos com a instabilidade na escola pública, que chega
aos alunos e às famílias em época de exames e continuará no início do próximo ano letivo. E perdemos todos
por, mais uma vez, passar a oportunidade de discutir o que é central no sistema educativo: como melhorar o
sucesso escolar de todos os nossos alunos.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Porfírio Silva.