16 DE JUNHO DE 2018
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Este Governo cumpre escrupulosamente o Programa que apresentou a esta Assembleia e vai bem para além
dele. Cumpriu ao valorizar e ao dignificar a profissão docente, depois de esta ter sido alvo de uma brutal exclusão
de milhares e milhares de docentes e de uma intensa desvalorização financeira e simbólica, quase como se a
educação fosse um jogo de soma nula em que para uns ganharem outros têm de perder.
Para este Governo, para mim, os professores devem ter a sua profissão valorizada tanto quanto merecem e
tanto quanto podemos. Assim, garantimos a imprescindível sustentabilidade financeira deste avanço, dando um
passo efetivo que seja realmente possível de acomodar. Aqui mora a radicalidade da defesa que faço do valor
de cada professor. Defendi os professores quando se acabou com o caos que era a BCE (Bolsa de Contratação
de Escola), com a humilhação que era a suposta requalificação e com a fantasia que era a chamada PACC
(Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades).
Em 2015, para que um professor se vinculasse à função pública precisava de deter cinco contratos
sucessivos; hoje, apenas precisa de três. A isto chama-se defender os professores.
Os professores sabem bem como têm sido defendidos por este Governo ao longo desta Legislatura. Sabem
isso os 7000 docentes que já em setembro terão vínculo permanente ao Estado e que antes eram precários,
ano após ano. Sabem bem os 1000 docentes adicionais que já este ano contribuem para a excelência da nossa
escola pública e sabem isso, na verdade, todos os professores para quem, a partir de 1 de janeiro deste ano, o
relógio voltou a contar, todos os que voltaram a ter revalorização salarial, que voltaram a ter acréscimos
remuneratórios, que voltaram, conforme sempre prometemos, a poder progredir na sua carreira. Temos
testemunhos do que digo, milhares deles. Mais de 45 000 dos nossos docentes, quase metade do total, sobem
de escalão já neste ano de 2018.
Não ficámos por aqui e fomos mais além, fomos além do Programa do Governo. Sabendo que ninguém
consegue pôr um relógio a contar para trás, ainda assim comprometemo-nos, Governo e sindicatos, a negociar
quanto, como e quando se poderia recuperar do que foi perdido no passado para atenuar o que foi congelado
nas anteriores leis de Orçamento do Estado.
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Não foi negociado quanto!
O Sr. Ministro da Educação: — Por isso mesmo se assinou, em novembro último, naquela longa
madrugada, por vontade das organizações sindicais, uma declaração de compromisso e não um acordo, pois
não estava acordado quanto era o tempo a recuperar. Passados seis meses, aquilo que temos é uma
reivindicação inicial e imutável dos sindicatos e uma proposta negocial do Governo.
O Governo partiu de zero, que era o que os sete Orçamentos anteriores previam, e caminhou até à
recuperação de dois anos, nove meses e dezoito dias.
Protestos do PSD.
Os sindicatos partiram da contagem total do tempo de serviço e chegaram à contagem total do tempo de
serviço. Pela parte do Governo, pela minha parte, existiu, existe e existirá o que negociar e vontade de negociar.
Sucede que para uma negociação, tal como acontece no tango, são precisos dois e para que haja negociação
é preciso querer negociar.
O Governo andou e chegou bem além de onde estava no início e aguarda agora que, em conjunto, possamos
chegar a um lugar-comum que não desperdice o caminho que já fizemos. Até porque muito caminho há ainda a
fazer, seja na regulação da carreira docente, seja no rejuvenescimento geracional dos professores, e só
poderemos fazer esse caminho juntos se houver quem queira, de facto, caminhar e não, como canta Sérgio
Godinho, andar desencontrado «à espera do comboio/ na paragem do autocarro».
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr. Ministro, inscreveram-se três Deputados para pedirem
esclarecimentos. Presumo que, face ao tempo disponível, desejará responder globalmente.
Tem a palavra, em primeiro lugar, a Sr.ª Deputada Joana Mortágua, do BE, para pedir esclarecimentos.