I SÉRIE — NÚMERO 100
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O Sr. Presidente: — Sr.as e Srs. Deputados, Sr.as e Srs. Funcionários, Sr.as e Srs. Jornalistas, temos quórum,
pelo que declaro aberta a sessão.
Eram 15 horas e 10 minutos.
Peço aos Srs. Agentes da autoridade para abrirem as galerias ao público.
A nossa ordem do dia de hoje tem como ponto único, por marcação do PCP, a discussão, na generalidade,
do projeto de lei n.º 809/XIII (3.ª) — Amplia as fontes de financiamento da segurança social (PCP), procedendo-
se, eventualmente, à respetiva votação no final do debate.
Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Diana Ferreira.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, a segurança social está presente na vida
de todos e em todas as fases da vida: está presente na infância e na juventude, na vida adulta e na velhice.
Acompanha as pessoas desde que nascem até à sua morte, está presente nos bons e nos maus momentos: no
nascimento, nas situações de maternidade e de paternidade, nas situações de reforma, após toda uma vida de
trabalho e de contribuições, mas também nas situações de desemprego, de pobreza, de doença, de invalidez e
de incapacidade.
É, assim, evidente o papel imprescindível da segurança social na vida de todos e de cada um.
O sistema público, universal e solidário de segurança social, conquista de Abril, é um instrumento
insubstituível de promoção de justiça social e de distribuição do rendimento nacional, é um sistema que tem
demonstrado uma grande capacidade de resistência e que não está, de todo, ultrapassado, muito pelo contrário
é um sistema capaz de assegurar os direitos de proteção social a todos os portugueses e de contribuir para uma
melhor distribuição da riqueza, capacidade esta que muito há quem queira fragilizar.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Em diferentes momentos, a segurança social sofreu ataques pelas mãos de
vários Governos e com profunda gravidade pelas mãos de PSD e CDS, que utilizaram os impactos da crise, a
vontade de reduzir o défice e os fatores demográficos como justificação para cortarem nos direitos, nos
rendimentos e na proteção social, numa alegada necessidade de garantir a sustentabilidade da segurança
social, mas o que queriam, sim, era fragilizar a segurança social para assim melhor poderem entregá-la a
interesses privados.
O que se mostrou verdadeiramente insustentável para a segurança social, para os trabalhadores e para o
povo português foram os cortes nos salários, nas reformas, nas prestações sociais, foi a generalização da
precariedade, o agravamento da exploração, a redução de direitos sociais e o aumento do empobrecimento,
tornando o País mais desigual e mais injusto.
Não foram as prestações sociais que se tornaram incomportáveis para o sistema público de segurança social;
incomportáveis foram os impactos financeiros sobre o regime previdencial resultantes do fecho de empresas,
do aumento do desemprego, da emigração forçada, nomeadamente de jovens, da proliferação da precariedade
e dos baixos salários, ao que se soma o elevado volume da dívida ao regime contributivo e o uso das suas
receitas para fins alheios às suas finalidades.
Esse ataque, que pretendia transformar a segurança social num sistema público residual, assistencialista,
minimalista e assente na seletividade na atribuição do conjunto de prestações sociais, foi interrompido com o
afastamento do PSD e do CDS do Governo, e que, no que depender do PCP, nunca será concretizado, pois o
compromisso que temos e assumimos é o da defesa do sistema público universal e solidário de segurança
social.
Por isso, fazemos este debate e, por isso, trazemos esta proposta.
Os passos positivos que têm sido dados com intervenção e insistência do PCP e o caminho de reposição de
direitos e rendimentos, que tem de ser aprofundado, têm demonstrado que esta é a direção certa também para
a segurança social, cujas contribuições aumentaram.
Mais emprego e melhores salários significam mais e melhor segurança social.