I SÉRIE — NÚMERO 100
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O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, a Mesa regista pedidos de esclarecimento da Sr.ª Deputada Maria das
Mercês Borges, do PSD, e do Sr. Deputado José Rui Cruz, do PS.
Como pretende responder?
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Um a um, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Muito bem.
Então, para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria das Mercês Borges.
A Sr.ª Maria das Mercês Borges (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Diana Ferreira, o PCP, através do
projeto de lei que hoje discutimos, pretende criar, para além da contribuição que as empresas já pagam por cada
trabalhador que têm, uma contribuição complementar de 10,5% sobre todos os lucros que tenham.
O PCP pretende que as empresas contribuam mais para a segurança social, mas não define, em concreto,
se pretende que seja só para empresas de capital intensivo, se é para empresas de mão de obra intensiva. Para
o PCP, neste grupo cai tudo, desde que tenham lucro têm de pagar mais 10,5%!
Acontece que o PCP, ao apresentar este projeto de lei, certamente reuniu com muitas entidades, com
sindicatos, com entidades empregadoras, certamente tendo presente que este é um projeto que tem a ver com
a sustentabilidade da segurança social, logo com a competitividade das empresas, com a criação de emprego.
Se se cria emprego, criam-se postos de trabalho, e tudo isto tem a ver com o futuro do combate à pobreza,
porque a pobreza combate-se efetivamente pelo emprego.
A minha questão muito objetiva é esta: este assunto já foi discutido em sede de concertação social?
O Sr. Adão Silva (PSD): — Exatamente!
A Sr.ª Maria das Mercês Borges (PSD): — Os senhores falaram com os empresários? O que é que eles
vos disseram? Estão de acordo?
O Sr. Adão Silva (PSD): — Exatamente!
A Sr.ª Maria das Mercês Borges (PSD): — Estão contra? O que é que isto implica? Quanto? Que estudos
é que os senhores têm sobre o impacto desta medida? Quanto é que pretendem vir a arrecadar para a segurança
social? Sobre valores de 2016, que são conhecidos, qual é o impacto que esta medida tem e qual é o retorno
para a segurança social?
Sr.ª Deputada, o PCP apoia o Governo, validou o seu Programa, que diz, logo no início, que esta matéria
tem de ser discutida em concertação social. Porque é que os senhores não falaram com os vossos parceiros e
aliados de Governo? Há dúvidas? Querem fazer mais pressão? Então, essa é uma questão vossa, não é uma
questão da sociedade.
O que os portugueses e os trabalhadores querem é ter, efetivamente, uma segurança social sustentável,
querem avaliar o que é que se fez. O Governo comprometeu-se a fazer isso tudo, mas até à data nada! Ninguém
conhece nenhum estudo, nenhum projeto! Ninguém conhece absolutamente nada!
E o que fez o PCP? Que estudos tem para apresentar?
Mais, Sr.ª Deputada: diz o PCP que esta proposta incide sobre os lucros e faz a sua demarcação clara sobre
o lucro. Para nós, este diploma, apresentado desta forma e com esta ligeireza, mais não é do que um complexo
de esquerda sobre o vil capital do lucro das empresas. Trata-se de ideologia, nada mais!
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Diana Ferreira.