I SÉRIE — NÚMERO 103
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não têm os mínimos de satisfação garantidos, há muitos portugueses que não têm acesso a condições de
segunda opção, porque não têm seguro de saúde, porque não têm ADSE ou porque não têm recursos
económicos.
Estamos bem cientes de que o caminho que falta fazer é o caminho mais importante e que o orçamento de
2019 encontrará o tempo, o espaço e a oportunidade para nos encontrarmos numa ideia que aprofunde,
consolide e que faça com que, de facto, a ideia política que temos e que, em muitos aspetos, é partilhada, seja
uma ideia política de futuro.
Nós não defendemos o SNS em função de apagões de consciência como alguns que, tendo feito aquilo que
fizeram num período sensível por que o País passou em que podiam ter feito escolhas diferentes e opções
políticas diferentes, fizeram aquilo de que gostam: o pensamento de que os portugueses têm de trabalhar mais
porque sim; aquela ideia de que trabalhar 35 horas semanais não é o reconhecimento do esforço dos
trabalhadores, é apenas um benefício ilegítimo; aquela ideia de que a solução para as políticas de saúde é o
corte.
Nós não cortamos a eito, nós não cortamos sem critério; ao contrário, nós desfazemos cortes. Os
portugueses percebem bem que a política baseada na falsidade, na irresponsabilidade e na mentira conduz
sempre a mau resultado.
Vale mais falarmos aqui olhos nos olhos e assumirmos as nossas divergências com quem pensa o sistema
de saúde e o SNS com caminhos que podem ser, até em alguns aspetos, complementares, do que estarmos a
fazer da discussão política um exercício de acontecimentos. Isso não serve o País.
Fica o compromisso, perante os portugueses, de que a trajetória iniciada em 2015 vai ser consolidada. É
preciso mais recursos humanos e é preciso mais investimento, sendo certo que estamos a lançar a maior vaga
de hospitais e de centros de saúde de que há memória na história do SNS e que todos os hospitais do País,
hoje, têm em execução um processo de investimento pequeno, médio ou grande. Chega? Não chega! Quando
se parou 1000 milhões no investimento e na despesa corrente, quando se parou o investimento, Sr.as e Srs.
Deputados, nem 10 anos serão suficientes para nos reencontramos com um SNS moderno e eficiente.
Aplausos do PS.
Mas há uma coisa que é certa — é a melhor homenagem que se pode fazer aos trabalhadores da saúde:
realçar os resultados que foram divulgados hoje de manhã, pelo INE, a propósito dos objetivos do VIH-Sida, dos
resultados das doenças transmissíveis, das doenças não transmissíveis, da inversão da tendência da despesa,
matérias que, aliás, os partidos da direita ignoram de forma ostensiva.
Esse é o resultado não tanto da ação política dos governos, pois os governos são, por natureza democrática,
transitórios. É o resultado do trabalho de 137 mil pessoas que, todos os dias, na linha da frente, em condições
difíceis, fazem aquilo que podem em condições que, muitas vezes, são muito exigentes.
Aplausos do PS.
Nós não fazemos demagogia política.
Sr. Deputado Moisés Ferreira, o isolamento não é o isolamento com uma parte do País. O pior que um
governo ou que uma maioria política pode fazer é isolar-se do conjunto do País, porque não são aqueles que
têm mais voz ou mais capacidade de pedir que devem ser favorecidos em relação àqueles que não têm mais
voz.
Aplausos do PS.
A nossa única preocupação no final desta Legislatura é ter a certeza de que não nos isolamos do País e que
cada um dos 10 milhões de portugueses compreende que fizemos tudo o que era possível e que não
comprometemos o futuro. Quem nos suceder tem de encontrar um País melhor do que aquele que nós
encontrámos: um SNS mais forte, mais consistente, política e ideologicamente sustentado e não um SNS à
mercê de aproximações de oportunidade, baseadas em pequenas graças ou até em desagradáveis graçolas.