6 DE JULHO DE 2018
33
Dinheiro há, mas ele está a fugir para o privado, quando deveria estar no Serviço Nacional de Saúde.
Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro, há quem nos últimos dias tenha aconselhado a que se evite o isolamento
e o Sr. Ministro e o Partido Socialista deveriam prestar atenção a estes conselhos. É que quem não está com o
Serviço Nacional de Saúde fica isolado do País; e ficar longe dos utentes, dos profissionais e das populações é
ficar no isolamento.
Os médicos aguardam por negociações sérias relativamente a contratações mais céleres para o SNS, à
redução do tempo de urgência para que tenham mais tempo para consultas e para cirurgias de especialidade,
à redução do número de utentes por médico de família para que tenham mais tempo para acompanhar os seus
utentes, mas o Governo não propõe nada neste sentido. Isolamento!
Os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica não querem ser expulsos para o privado, querem uma
carreira no SNS, mas o Governo quer que abdiquem de todo o seu tempo de serviço e exige a quase todos eles
que fiquem na base da carreira. Isolamento!
Os profissionais de enfermagem denunciam que se estão a perder profissionais, que as instituições não
estão a contratar, que há perdas óbvias para os utentes, mas o Governo não responde. Isolamento!
Aplausos do BE.
Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro, são precisos mais 6000 profissionais no imediato, é preciso mais
investimento público no Serviço Nacional de Saúde, é preciso autonomia das instituições para contratar, é
preciso aumentar o número de médicos a especializar, é preciso abrir os concursos para a contratação dos 1079
médicos que acabaram a sua formação em abril.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
O Sr. MoisésFerreira (BE): — Não fazer isto é ficar isolado, é ficar de costas voltadas para o País!
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — A Mesa não regista a inscrição de nenhum Deputado para
pedir esclarecimentos, pelo que tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Ricardo Baptista Leite, do
PSD.
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro, Sr.ª e Srs.
Secretários de Estado: Começo por dizer que folgo por ver que o Sr. Ministro, hoje, em contraste com o nosso
debate de ontem, está mais tranquilo, o que nos permite ter, aqui, um debate mais sereno sobre o Serviço
Nacional de Saúde.
Começo também por felicitá-lo pelo evento de hoje, do VIH/SIDA, pois todos os esforços são necessários.
Vamos ter de debater alguns números, mas teremos oportunidade para discutir isso.
Hoje, o Sr. Ministro deixa-nos aqui uma mensagem muito importante sobre o Infarmed (Autoridade Nacional
do Medicamento e Produtos de Saúde), em resposta ao Partido Social Democrata, ao deixar claro que há duas
linhas vermelhas que nós subscrevemos: aquilo que é o interesse público, do ponto de vista da segurança e da
qualidade, e aquilo que é o interesse dos profissionais.
Ora, sabendo nós que 99% dos profissionais não querem ir para o Porto, sabendo nós que a Direção-Geral
de Saúde coloca no Relatório, por escrito, que há um risco de disrupção da missão e riscos de saúde pública
pela deslocalização, torna-se evidente que o Governo não o vai fazer e que deixa a mensagem, a partir da
Assembleia da República, para o Presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, que o Infarmed não
se vai deslocalizar para a cidade do Porto. Uma mensagem que fica aqui, hoje, de certo modo, anunciada.
Outra mensagem importante vem-nos das esquerdas. De facto, aquilo que ficou claro — e o Relatório Anual
de Acesso ao SNS, do Governo, torna evidente a existência de dificuldades no acesso — é que os portugueses
sentem atrasos no acesso à consulta hospitalar, atrasos no acesso às cirurgias. Os números são claros: houve
um agravamento em termos de tempo de espera em 20 000 cirurgias, uma violação dos tempos máximos de