I SÉRIE — NÚMERO 103
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O Sr. JoãoMarques (PS): — … por estarem a contrariar a vossa estratégia de desmantelamento do SNS,
por estarem a contrariar a estratégia do vosso Governo, ou seja, a tendência de entrega dos serviços de saúde
ao setor privado, a estratégia que os senhores queriam pôr em prática.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Este é o caminho que deve prosseguir, Sr. Ministro. É o caminho do Programa do Governo, é o caminho que
defende o Serviço Nacional de Saúde e é o caminho que defende o interesse público.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Deputado João Marques, como já tínhamos referido, a Sr.ª
Deputada Isabel Galriça Neto não dispõe de tempo para responder ao seu pedido de esclarecimento.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado António Sales, do PS.
O Sr. AntónioSales (PS): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs. Deputados:
Defender o SNS é proteger o seu desígnio e o seu futuro.
Defender o SNS…
O Sr. HélderAmaral (CDS-PP): — É mudar o Ministro!
O Sr. AntónioSales (PS): — … significa honrar as suas bases fundacionais, avaliar o seu percurso e a sua
evolução, estar atento e responder aos novos desafios.
Defender o SNS é garantir a sua adequação constante às necessidades da comunidade, adaptando e
reformulando as suas estruturas e modernizando a sua gestão.
Sr.as e Srs. Deputados, o Serviço Nacional e Saúde é um combate de todos os dias.
Foi um combate no passado quando, contra a vontade de alguns, aprovámos a lei do Serviço Nacional de
Saúde.
É um combate do presente quando lutamos contra as desigualdades de acesso, quando garantimos a
qualidade dos cuidados de saúde, quando valorizamos as carreiras profissionais e quando promovemos a
eficiência e a sustentabilidade apostando na inovação.
É um combate do futuro quando o protegemos de ameaças económicas, políticas, ideológicas e de diferentes
grupos de interesses.
Por isso, Srs. Deputados, mais do que desperdiçar energias a combater o acessório, mais do que nos
perdermos em estéreis narrativas da perceção, olhemos para a realidade do passado, situemo-nos no imperativo
do presente e concentremo-nos na consolidação do futuro.
O Sr. JoãoMarques (PS): — Muito bem!
O Sr. AntónioSales (PS): — Entre 2011 e 2015, perderam-se 7500 profissionais, cortaram-se 1000 milhões
de euros, aumentaram-se taxas moderadoras, fecharam-se serviços de urgência e centros de saúde,
desinvestiu-se em infraestruturas e tecnologia, congelou-se a inovação terapêutica e deslocalizou-se despesa
pública para despesa privada.
Protestos do PSD.
Desde 2015, estamos a fazer justiça e a recuperar o SNS: repuseram-se salários, aumentaram-se os efetivos,
repuseram-se as 35 horas de trabalho, transferiram-se mais 700 milhões de euros, baixaram-se taxas
moderadoras, valorizaram-se carreiras profissionais, libertou-se a inovação terapêutica e desenvolveu-se um
plano de investimentos em novos hospitais e centros de saúde.
Tudo é bem diferente em 2018, mesmo quando alguns persistem em negar as evidências.