I SÉRIE — NÚMERO 104
68
O Sr. Presidente: — Vamos votar o voto que acaba de ser lido.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Prosseguimos com o último voto de pesar, o voto n.º 596/XIII (3.ª) — De pesar pelo falecimento de Ricardo
Camacho, apresentado pelo PSD e subscrito por Deputados do PS e do CDS-PP.
Peço novamente ao Sr. Secretário, Deputado Duarte Pacheco, o favor de ler este voto.
O Sr. Secretário (Duarte Pacheco): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:
«Médico virologista com uma ação relevante no combate ao HIV e músico de grande talento, Ricardo
Camacho era um português notável que morreu aos 64 anos.
Nascido no Funchal, mudou-se para Lisboa para estudar Medicina. Manteve intensa atividade como produtor
musical, músico e compositor. Criou, com Pedro Ayres Magalhães e Miguel Esteves Cardoso, a mítica editora
Fundação Atlântica.
No início dos anos 80 integrou, primeiro como produtor e mais tarde como músico, a Sétima Legião, uma
banda com forte influência do ambiente musical britânico, entre os quais dos Joy Division.
O grupo integrado por Rodrigo Leão, Pedro Oliveira, Nuno Cruz, Gabriel Gomes, Paulo Marinho, Paulo
Abelho e Francisco Menezes, marcou o panorama nacional durante duas décadas. A Um Deus Desconhecido,
o primeiro álbum do grupo, ou as canções Sete Mares e Por quem não esqueci fazem parte do património da
música portuguesa destas décadas e têm o cunho de Ricardo Camacho.
Apesar da sua extrema discrição, a carreira musical granjeou-lhe grande popularidade no meio musical e
entre o público. No entanto, foi a Medicina, que pensou em abandonar enquanto estudante, que viria a trazer-
lhe grandes compensações profissionais e pessoais.
Ricardo Camacho trabalhou no IPO e no Hospital Egas Moniz. O seu trabalho foi fundamental na implantação
de testes de resistência ao HIV para determinar as terapêuticas mais indicadas nos casos de doentes com
resistência às terapêuticas convencionais.
Foi consultor da Comissão Nacional de Luta contra a SIDA, participou em vários estudos internacionais sobre
a doença. É destacada por colegas a sua permanente disponibilidade e a sua grande dedicação e humanidade
como cidadão empenhado em ajudar estes doentes.
A ligação à música manteve-se presente na sua vida. Em 2012 esteve presente no aniversário da Sétima
Legião, banda que, na comemoração dos seus 30 anos, reeditou todos os discos e realizou uma digressão pelo
País.
Em 2013 começou a trabalhar como investigador no Rega Institute for Medical Research em Lovaina, na
Bélgica, onde morreu na madrugada de dia 4 de julho.
A Assembleia de República lamenta a perda de um médico que se destacou pela relevância internacional do
seu trabalho e pela dedicação no combate ao HIV e de um músico que se notabilizou na criação de um universo
musical único e inconfundível, ajudando a projetar a música portuguesa no panorama mundial.
A Assembleia da República endereça à família, à banda Sétima Legião e aos amigos de Ricardo Camacho
as mais sentidas condolências.»
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Srs. Deputados, na sequência dos votos que acabámos de aprovar, vamos guardar 1 minuto de silêncio.
A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.
Srs. Deputados, vamos agora votar o voto n.º 584/XIII (3.ª) — De condenação pela discriminação e agressão
por racismo a Nicol Quinayas, no Porto, apresentado pelo PS e pelo BE, que vai ser lido pela Sr.ª Secretária
Idália Serrão.