7 DE JULHO DE 2018
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A Sr.ª Secretária (Idália Serrão): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:
«A sociedade do século XXI, multicultural e globalizada, continua a ser profundamente moldada pelo racismo,
preconceito que, acima de tudo, revela temor e repúdio pela igualdade e universalidade de direitos entre todos
os povos. Entre os seus efeitos nocivos, o racismo é responsável por injustiças sociais, desigualdades
económicas e violência de variados graus, um pouco por todo o mundo.
Na madrugada do passado dia 24 de junho, a jovem Nicol Quinayas, de 21 anos, nascida na Colômbia e a
viver em Portugal desde os 5 anos, foi violentamente agredida, física e verbalmente, por um elemento da
segurança da STCP do Porto quando tentava aceder a um autocarro. A violência do ato e os seus contornos
chocaram o País, e revelou-se um alerta que não pode, de forma alguma, ser ignorado, quer pela sociedade
civil, quer pelas forças judiciais e, em particular, pela esfera política portuguesa.
Portugal foi pioneiro na política antidiscriminação, desde 1999. Aprovámos em 2017 a Lei n.º 93/2017, que
reforça o regime jurídico da prevenção, da proibição e do combate à discriminação, em razão da origem racial
e étnica, cor, nacionalidade, ascendência e território de origem.
A Europa atravessa um período sensível, enfrentando pressão migratória causada pela afluência de
refugiados, bem como por uma elevada emigração de causas económicas. Os populismos de extrema-direita
emergem a leste, a norte e a sul, pondo em causa os valores fundacionais da União Europeia. Neste contexto,
é essencial um reforço de tomadas de posição inequívocas que contrariem a deriva protecionista irracional e
securitária que tende a identificar imigrantes ou grupos étnicos como segmentos sociais indesejados. O Partido
Socialista irá propor, no âmbito da Subcomissão da Igualdade e Não Discriminação, a elaboração de um relatório
sobre xenofobia e racismo em Portugal.
Assim, a Assembleia da República, reunida em sessão plenária, e enquanto assembleia representativa de
um País de referência no acolhimento de migrantes, da inclusão e da valorização da interculturalidade, repudia
veementemente qualquer sinal de discriminação racial e condena vivamente o ato de violência cometido contra
a jovem Nicol Quinayas».
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Passamos à votação do voto 593/XIII (3.ª) — De condenação das agressões e insultos racistas de que foi
vítima a cidadã Nicol Quinaya, apresentado pelo PCP, que vai ser lido pela Sr.ª Secretária Sandra Pontedeira.
A Sr.ª Secretária (Sandra Pontedeira): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:
«Recentemente, na cidade do Porto, a cidadã Nicol Quinayas foi brutalmente agredida e vítima de insultos
de natureza racista e xenófoba por um elemento de uma empresa de segurança privada contratada pela STCP.
De acordo com testemunhos, depois dos insultos, o segurança agrediu violentamente a cidadã, usando uma
força claramente desproporcional. Depois de a atingir com vários socos, o segurança imobilizou-a, torceu-lhe o
braço e colocou-a no chão, com a cara a embater no solo, colocando um joelho nas suas costas. Esta cidadã
sofreu várias e graves lesões que foram confirmadas por uma unidade hospitalar.
Também de acordo com testemunhas, os agentes da PSP chegados ao local não registaram a ocorrência e
não tomaram quaisquer medidas para acautelar os direitos e garantias da cidadã agredida.
Perante a gravidade de tais ocorrências, a Assembleia da República, reunida em Plenário, condena com
veemência os insultos e agressões de caráter racista e xenófobo de que foi vítima a cidadã Nicol Quinaya e
espera da parte de todas as autoridades públicas uma atuação conducente a evitar que tais atos permaneçam
impunes. Exige o apuramento de responsabilidades pela ausência de intervenção da PSP perante esta grave
ocorrência e apela ao sentido de responsabilidade de todas as entidades públicas e privadas na prevenção de
quaisquer atos de discriminação racista e xenófoba e na responsabilização dos seus autores».
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.