7 DE SETEMBRO DE 2018
17
há anos, seja na renovação de material circulante, seja na infraestrutura ferroviária, seja na questão crucial dos
trabalhadores, desde logo, da operação e manutenção, do conhecimento que se perde nas oficinas da EMEF
no nosso País, porque não se esteve, e não se está, a renovar as equipas e o pessoal da empresa.
Nós, no PCP, apresentámos nesta Assembleia, e foi aprovada, com o voto contra do CDS e a abstenção do
PSD,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Vejam bem!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — … uma proposta de criação de um plano nacional de material circulante
ferroviário.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Vejam bem!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — O CDS não esteve de acordo e o PSD não quis saber, teve dúvidas relativamente
à necessidade estratégica que o nosso País tem de planear, preparar e avançar para a renovação do material
circulante ferroviário.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — E já está?!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — De facto, o projeto de resolução n.º 1443/XIII (3.ª), apresentado pelo PCP, foi
aprovado na Assembleia da República e refere, a título indicativo, o conjunto das necessidades da frota da
ferrovia nacional para os próximos anos e que já hoje colocam problemas graves e exigem solução urgente.
Sr. Ministro, temos presente o comunicado do Conselho de Ministros desta manhã — e certamente referir-
se-á ao mesmo a seguir —, relativamente à aquisição de algum material circulante para o serviço regional. Isto
não é um plano de modernização do material circulante da ferrovia nacional, não é. É a resposta a uma parte
do problema.
Precisamos que esclareçam até que ponto as tais 22 composições serão a resposta necessária, tendo em
conta que elas pressupõem, como dizia o Sr. Presidente da CP, há dois dias, a devolução das 20 mais 4
unidades espanholas que estão ou vão ser alugadas pela CP, mais o material diesel que seguramente não
poderá continuar em operação e terá de se abatido ao efetivo.
Por isso, perguntamos sobre a capacidade efetiva de resposta que essa aquisição configura, tendo em conta
que, mesmo no serviço suburbano, aqui na Linha de Sintra, houve dezenas e dezenas de supressões por dia
nos últimos meses — houve semanas em que foram mais de 100 supressões —, o que suscita a questão
essencial de uma abordagem nacional que tem de ser feita e que claramente permanece como uma exigência
e uma urgência premente no trabalho e na resposta do poder político.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Ministro do Planeamento e das Infraestruturas:
Julgo que não é novidade para o Sr. Ministro eu reafirmar aqui, nesta Comissão Permanente, que a ferrovia é
uma prioridade nacional para Os Verdes. E é uma prioridade na nossa agenda, designadamente, como já tenho
referido, naquilo que concerne não só à mitigação em matéria das alterações climáticas mas também quanto ao
reforço da coesão territorial e ao direito à mobilidade que os cidadãos têm.
Qual foi a opção de sucessivos governos? Apostar na rodovia e desinvestir na ferrovia. Má estratégia! Hoje,
já se percebeu isso.
E aquilo por que Os Verdes têm batalhado, ao longo de sucessivas legislaturas, é justamente por que se
invista na ferrovia, se deixe de encerrar linhas ferroviárias, se reforce a oferta e se aposte no material circulante
e em trabalhadores. É que, sem estas componentes todas agregadas, isto não funciona. E é justamente isso
que se está a verificar.