I SÉRIE — NÚMERO 108
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Ora, este desinvestimento sucessivo — e, designadamente, o desinvestimento brutal que o anterior Governo
PSD/CDS fez porque tinha em vista um objetivo muito concreto que era a privatização do setor…
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — E continua a ser!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — … e que estava bem explicado — só podia, evidentemente, resultar
em coisas como estas a que hoje as pessoas assistem.
Mas, Sr. Ministro, este Governo não tem o objetivo de privatizar, pois não? Então, tem de ter a intenção de
investir fortemente neste setor.
Ora, aquilo que verificamos, Sr. Ministro, é que, quando esteve cá o Sr. Presidente da CP, as soluções que
ele nos deu não são soluções imediatas. O aluguer de material à Renfe, espanhola, não é para já. A aquisição
de carruagens novas não é para já — e esta é mesmo a médio prazo.
Portanto, o que as pessoas querem saber é qual é a resposta imediata, o que é que se vai alterar de imediato
para dar resposta à sua necessidade de mobilidade no transporte ferroviário. Isto é que é fundamental.
E, então, aqui, temos de passar necessariamente a uma questão, à qual gostaria que o Sr. Ministro
respondesse com toda a frontalidade: há a possibilidade de haver CP sem EMEF? Há essa possibilidade? A
EMEF é fundamental, Sr. Ministro! Quando estamos a falar de reparação e de manutenção de material, é
fundamental. E o número de trabalhadores da EMEF é essencial para dar essa resposta. Ora, quando nos dizem
que a aposta é mais 102 trabalhadores, isto é manifestamente insuficiente! E não venha falar dos outros 40 do
PREVPAP (Programa de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários na Administração Pública),
porque esses já lá estão.
Portanto, aquilo que se está efetivamente a oferecer é mais 100 trabalhadores, o que é manifestamente
insuficiente. Qual é o plano que o Governo tem para investir fortemente nestas duas componentes fundamentais,
material circulante e número de trabalhadores, determinantes para pôr o setor ferroviário em funcionamento?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem, agora, a palavra o Sr. Ministro do Planeamento e das Infraestruturas.
O Sr. Ministro do Planeamento e das Infraestruturas (Pedro Marques): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Deputados: Depois de quatro anos de um Governo de direita que atacou declaradamente a ferrovia nacional
para cumprir a sua estratégia — que não foi só de palavras, foi de atos — de privatização da EMEF e de
concessão e privatização de algumas linhas da CP, reduzindo trabalhadores que tanta falta faziam, o CDS e o
PSD têm a coragem de vir agora falar em problemas na ferrovia sem pedirem desculpa aos portugueses.
Conhecemos bem os problemas da ferrovia, sabemos o que nos foi deixado e sabemos bem o propósito que
têm agora, até porque já abriu outra vez a campanha para a privatização das linhas da CP por parte do CDS.
Queremos deixar claro que o nosso propósito é contrário, connosco não há privatização da CP, não há
privatização da EMEF, nem há privatização das linhas lucrativas da CP,…
Aplausos do PS.
… e nisso distanciamo-nos muito da direita, em Portugal.
Quando chegámos ao Governo, em vez da privatização, da degradação ou da racionalização, escolhemos
investir e lançar o mais ambicioso programa de modernização ferroviária de há muitos anos para cá. Hoje, estão
obras no terreno, na infraestrutura ferroviária, em todos os principais corredores ferroviários.
Sabemos também que o material circulante é antigo, com certeza. Há cerca de 20 anos que não se autorizava
a compra de comboios para a CP. Logo desde 2016, atuámos para o problema do imediato: estabilizámos os
quadros da EMEF e da CP, que, face às crescentes necessidades de manutenção, não só precisavam de ser
estabilizados como reforçados. Já aumentaram os recursos humanos da EMEF e da CP, mas já autorizámos —
e autorizámos agora, são as respostas para já ao que aqui nos perguntaram — a contratação de 102
trabalhadores para a EMEF e estabilizámos a situação de 40 trabalhadores precários, os quais — e aproveito
para informar o Parlamento — já não estavam sequer todos em serviço neste momento, pois alguns deles já