I SÉRIE — NÚMERO 5
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Sr.as e Srs. Deputados, vamos, então, dar início ao debate, para o que tem a palavra o Sr. Deputado Filipe
Anacoreta Correia, do CDS-PP.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: No âmbito do
agendamento por iniciativa do CDS-PP, partamos, antes de mais, do que importa afirmar e ver do ponto de vista
político.
A inversão da queda da natalidade não se está a verificar e há quase 40 anos que a taxa de fecundidade
está abaixo do desejável, do ponto de vista da renovação geracional. Esta circunstância é grave, é grave para
o equilíbrio social e põe em causa a nossa continuidade enquanto comunidade histórica, põe em causa a
vitalidade económica e a solidez financeira do próprio Estado social.
A evolução demográfica e da natalidade é, pois, grave. E perguntamo-nos: por que não nascem mais
portugueses? São as pessoas que não querem ter filhos? As respostas a estas perguntas são conhecidas: os
portugueses respondem sistematicamente que gostariam de ter mais filhos — ou ter filhos ou ter mais do que
aqueles que têm. Dar condições para inverter a tendência não é apenas importante a nível individual, é um
desígnio nacional, uma verdadeira prioridade.
Aplausos do CDS-PP.
Foi há mais de 10 anos que o CDS apresentou o relatório Natalidade — O Desafio Português. Tal relatório
teve por mérito colocar o tema na agenda de uma forma estruturada e autónoma, com análise dos dados
sociológicos e estatísticos, listagem de medidas existentes e propostas de novas políticas. Desde então, outros
partidos têm vindo, gradualmente, a reconhecer a importância do tema.
Nos últimos 10 anos, sucederam-se relatórios e estudos que dão razão ao que dizíamos e que confirmam,
infelizmente, aquilo que se vinha adivinhando. A frequência com que o tema emerge e submerge na agenda
política pode, porém, lançar-nos num equívoco, pois, apesar de hoje haver mais consciência da sua importância,
da sua importância decisiva para o nosso futuro, a verdade é que, infelizmente, a realidade de há 10 anos não
tem vindo a ser invertida.
Sabemos que este é um desafio partilhado pela Europa e, em geral, pelos países mais desenvolvidos. Neste
momento, este é um tema incontornável na agenda política europeia e inúmeros países adotaram políticas
integradas de promoção da natalidade e da família. A experiência destes países demonstra não só a urgência
do tema e das políticas mas também, e sobretudo, que é possível inverter a queda da natalidade.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Nós, em Portugal, somos um dos piores exemplos e estamos
abaixo dos restantes países que estão mal, pelo que o CDS apresenta, de novo, um conjunto de iniciativas que
refletem a importância desta preocupação e a prioridade que lhe conferimos. Queremos, pois, um debate sério,
claro e direto.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Não está em causa o CDS, mas sim cada uma das propostas
que nos orgulhamos de apresentar, ao serviço do País, ao serviço dos portugueses.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — E que propostas são essas?
Em primeiro lugar, são propostas que visam diminuir os encargos fiscais, e outros, das famílias, combatendo
injustiças e entraves às famílias, em suma, são propostas para que cada filho conte na avaliação do rendimento
da família, desde logo, no IRS (imposto sobre o rendimento das pessoas singulares).
O sistema de apuramento do rendimento tem de ter em conta não apenas os membros do casal, porque a
família não é feita apenas do casal, mas sim o casal, ou os pais solteiros, se for o caso, e também cada um dos