I SÉRIE — NÚMERO 5
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sejam analisadas e todos os grupos parlamentares possam trabalhar em soluções suprapartidárias e o mais
consensuais possível para implementar políticas nesta matéria.
Finalmente, propomos apoios no âmbito da primeira infância, da escola e dos tempos livres, com o aumento
da oferta de atividades de tempos livres, centros de atividades, estabelecimentos para crianças e jovens
desprovidos de meio familiar normal, lares residenciais, estabelecimentos para crianças e jovens deficientes,
isentando-os de IVA (imposto sobre o valor acrescentado), o que não acontece atualmente.
Propomos também a flexibilização dos horários das creches, incentivando a sua constituição por parte de
empresas, a promoção de acordos entre estabelecimentos de infância e entidades empregadoras, um programa
para tempos livres das crianças e a revisão consensualizada do calendário escolar.
Sr.as e Srs. Deputados, o CDS tem estado sempre à frente da agenda também nesta matéria. É altura de
voltarmos a reconhecer que este tema é de todos, porque a todos diz respeito,…
Aplausos do CDS-PP.
… e aquilo que a todos diz respeito não pode ser motivo de qualquer sectarismo ou de quarentena partidária.
Entendamo-nos e aprovemos uma nova agenda para a família, removendo obstáculos à natalidade. Os
portugueses agradecerão.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado Filipe Anacoreta Correia, a Mesa regista as inscrições de quatro Srs.
Deputados — José Soeiro, do Bloco de Esquerda, João Galamba, do PS, Rita Rato, do PCP, e Inês Domingos,
do PSD — para pedirem esclarecimentos e foi informada de que o Sr. Deputado pretende responder, em
conjunto, a cada dois.
Tem, pois, a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado José Soeiro, do Grupo Parlamentar do
Bloco de Esquerda.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Filipe Anacoreta
Correia, nos estudos que existem sobre projetos de parentalidade em Portugal, há dois dados que ressaltam e
que são, talvez, centrais para analisarmos este problema.
O primeiro tem a ver com a diferença que realmente existe entre a fecundidade desejada e a fecundidade
realizada, ou seja, a média do número de filhos que as pessoas desejam ter está acima do número de filhos que
as pessoas, efetivamente, têm.
O segundo dado essencial é que, quando questionadas sobre os principais constrangimentos para esta
discrepância, em todos os estudos, de diferentes instituições, as pessoas apontam os mesmos resultados:
desemprego e precariedade vêm em primeiríssimo lugar nos constrangimentos para os projetos familiares e
para realizar a fecundidade desejada; em segundo lugar, surge a insuficiência das estruturas públicas de apoio.
É por isso que, à luz dos dados disponíveis e dos estudos a que temos acesso, este debate que o CDS
marcou parte, desde logo, de um enorme vazio. As propostas aqui trazidas não incidem sobre os principais
problemas que impedem as pessoas de realizar os seus projetos familiares nem atacam de frente os principais
obstáculos à fecundidade desejada, isto é, os principais obstáculos que impedem as pessoas de terem os filhos
que desejariam.
O Sr. Deputado, neste debate, falou de algumas propostas do CDS, e já me referirei a algumas, mas agora
quero falar-lhe das grandes omissões e ausências nessas propostas.
Sobre o abono de família, não há uma palavra nestas propostas. Não há uma proposta sobre o abono de
família, que, aliás, o CDS e o PSD mantiveram congelado. Foi preciso uma maioria de esquerda, e a esquerda
com influência no Orçamento, não só para descongelar mas também para aumentar o abono de família.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Quem é que o congelou?!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Hoje, o CDS nem sequer quer ouvir falar do abono de família.