O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 6

22

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr.as e Srs. Deputados, pela minha parte tenho as maiores dúvidas quanto

à razoabilidade da exibição de elementos que não sejam estritamente informativos…

Vozes do PSD e do CDS-PP: — Muito bem!

O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — … em termos gráficos, no debate do Plenário. Mas não é a mim,

individualmente, que cabe decidir esta matéria. Creio que ela deve ser ponderada em sede de Conferência de

Líderes.

Posto isto, a Mesa não regista qualquer inscrição para intervenções a fim de que possamos prosseguir o

debate.

Pausa.

Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato, do PCP.

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em 2017, os presidentes dos conselhos de

administração das empresas do PSI 20 ganharam, em média, 46 vezes mais do que o custo médio que essas

empresas assumiram com os trabalhadores. Isto é, um trabalhador seria obrigado a trabalhar 46 anos para

ganhar o valor que um presidente do conselho de administração dessa empresa ganha num ano.

Em 2015, essa diferença era de 33 vezes, atualmente é de 46 vezes e terá sido o Grupo Jerónimo Martins

decisivo neste aumento.

António Mexia recebe 39 vezes mais do que o custo médio da EDP com cada trabalhador. Mas, se

compararmos com o salário dos trabalhadores do call center da EDP, subcontratados através de empresas de

trabalho temporário, António Mexia recebe mais 200 vezes do que estes trabalhadores, sendo que a

Administração da EDP, para 2018, propôs um aumento de 0,6% nos salários para os trabalhadores.

No entanto, os resultados líquidos do grupo EDP somaram mais de 7000 milhões de euros, dos quais 3300

milhões foram distribuídos pelos acionistas e, na sua quase totalidade, saíram do País.

Importa, também por isso, enfrentar este problema, porque esta situação é escandalosa. Isso obriga-nos a

olhar para lá destas gritantes diferenças salariais e a concluir que a principal diferença é entre o capital e o

trabalho.

Em Portugal, 1% da população detém 25% da riqueza nacional e 5% da população acumula quase 50% da

riqueza nacional. Estes dados provam a injustiça na distribuição da riqueza e no seu processo de concentração

promovido por sucessivos Governos, com consequências gravíssimas para o emprego.

É determinante distribuir de forma mais justa a riqueza criada no País. A proposta hoje em discussão

denuncia um problema, mas não aponta uma solução efetiva. E tanto assim é que remete para o Governo a

definição dos leques.

Sobre este projeto, o PCP votará a favor pela sinalização do problema, mas colocam-se questões

importantes: como garantir a aplicação da redução de leques salariais, por exemplo, a grupos de comunicação

social, ao setor do futebol, entre outros? Como garantir a aplicação em empresas multinacionais com sede fora

do País que podem, além do que pagam em Portugal, pagar salários aos mesmos gestores a partir de outro

país?

Para o PCP, a questão central é a de garantir que a redução dos leques salariais resulta no aumento real

dos salários de todos os trabalhadores, a começar pelos que auferem salários mais baixos e não que a redução

do leque salarial resulte numa ficção de que se reduz a remuneração dos gestores, mantendo intocáveis os

salários dos trabalhadores, com a injustiça que isso comporta.

Exatamente por isso, a prioridade do PCP é a do aumento geral dos salários para todos os trabalhadores,

da Administração Pública e do privado, sendo central o aumento do salário mínimo nacional para 650 €, já em

janeiro de 2019.