I SÉRIE — NÚMERO 6
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Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Rios, do Grupo Parlamentar
do PSD.
O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra da Justiça, Sr. Secretário de Estado dos
Assuntos Parlamentares, Caros Colegas: Pesem embora algumas limitações de voz, vou tentar ser claro.
Sr.ª Ministra, conforme percebeu, e acho que isso ficou hoje, aqui, muito explícito, um assunto desta
relevância não se discute em 3 minutos. Estou certo de que concordará comigo.
Muito menos se discute um assunto desta relevância «às três pancadas», permita-me a expressão, tentando
que esta proposta seja, hoje, votada na generalidade, na especialidade e em votação final global. Não é uma
forma muito própria de discutir, ainda para mais quando já se percebeu, pela pequena discussão que fizemos,
que a introdução das alterações não é clara.
A Sr.ª Ministra disse que esta proposta visa, basicamente, fazer a transposição de diretivas, mas o problema
está para além do «basicamente», porque, como a Sr.ª Ministra sabe, o impacto económico e social de algumas
alterações é enorme.
Devo dizer que nos provoca o maior dos receios, para não dizer mais, primeiro, que um tema desta relevância
venha ao Parlamento com esta rapidez toda, mascarado, permita-me a expressão, de transposição de diretivas;
segundo, e mais do que isso, que esta proposta nem sequer venha acompanhada dos elementos em que se
baseiam as conclusões ou a alteração da lei, sobretudo quando, aparentemente, as conclusões do grupo de
trabalho não nos dirão — digo «não nos dirão», porque não as temos, o Governo não as enviou — exatamente
isso, sendo certo que, pelo que sabemos, elas até foram relativamente coerentes e de consenso alargado.
Ao PSD, Sr.ª Ministra, compete dizer que este é um assunto de grande relevância, nomeadamente no que
diz respeito à proteção dos consumidores, à proteção dos direitos dos consumidores e à proteção dos registos
e das marcas. O impacto é brutal.
O PSD, em relação a isso, fará três coisas: em primeiro lugar, aqui, hoje e agora, denunciamos esta forma
ligeira de gerir o problema; em segundo lugar, demos entrada de um requerimento solicitando a esta Assembleia
que, hoje, esta proposta seja votada apenas na generalidade, permitindo uma discussão mais alargada, embora
célere — entendo as suas preocupações —, em sede de comissão, no âmbito da qual possamos ouvir todos os
interessados no processo; e, em terceiro lugar, não deixaremos de pedir, para esse efeito, a constituição de um
grupo de trabalho para mais celeremente encontrar uma solução, principalmente informada, transparente e
clara.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Sr.as e Srs. Deputados, a Mesa não regista mais inscrições para intervenções sobre
este ponto, apesar de haver vários grupos parlamentares que ainda não se pronunciaram.
Pausa.
Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Bruno Dias, do PCP.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Estamos perante
questões de fundo que colocam em jogo interesses centrais do poder económico numa sociedade capitalista.
É conhecida a posição do PCP e os alertas que, ao longo dos anos, temos vindo a fazer sobre as implicações
e as ameaças ao desenvolvimento que resultam destas políticas de aprisionamento e de mercantilização do
saber a que temos vindo a assistir, ainda para mais quando se tem em conta a realidade concreta do nosso
País, da nossa economia, do nosso sistema científico e tecnológico, em face de uma União Europeia e de um
sistema de patente europeia de efeito unitário, num quadro de profunda desigualdade.
Ora, esta proposta de lei do Governo, como já aqui foi dito, surge na sequência de um processo de discussão
em grupo de trabalho, envolvendo as entidades com intervenção nesta matéria, e o que se constata é que não
há registo desse trabalho neste processo legislativo. Os pareceres, as discussões, as conclusões desse grupo