13 DE OUTUBRO DE 2018
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medidas apontadas o aumento do salário mínimo, a par de outras, designadamente o reforço da contratação
coletiva.
Também o 9.º Relatório de Acompanhamento do Acordo sobre a Retribuição Mínima Mensal Garantida,
elaborado pelo Governo e apresentado em julho, constata que o salário mínimo nacional português é um dos
mais baixos da União Europeia e os recentes aumentos não alteraram a sua posição relativa como um dos mais
baixos da zona euro.
De acordo com os dados deste relatório, mais de 764 000 pessoas, trabalhadores por conta de outrem a
tempo inteiro, auferem o salário mínimo nacional e um em cada quatro novos postos de trabalho criados nos
primeiros três meses deste ano pagam essa remuneração, representando estes números uma realidade
preocupante e que fomenta as desigualdades sociais.
Ora, o nosso País não pode continuar a apostar numa política de baixos salários, é imperioso valorizá-los e,
em concreto, o salário mínimo nacional.
Esta é, indiscutivelmente, uma forma de prosseguir um caminho de combate ao empobrecimento e aos
ataques aos direitos dos trabalhadores que foram impostos nos últimos anos, com especial incidência no período
do anterior Governo PSD/CDS-PP, mas é também uma forma de garantir uma mais justa distribuição da riqueza
e de permitir o aumento do poder de compra e a melhoria das condições de vida dos trabalhadores e das suas
famílias, o que, por sua vez, se traduzirá na recuperação e dinamização da economia, da procura interna e, por
consequência, na promoção da produção nacional e da criação de emprego, que, aliás, é urgente efetivar.
Perante esta realidade, Os Verdes também consideram fundamental estabelecer, sem hesitações, o valor de
650 € para o salário mínimo nacional a partir de janeiro do próximo ano, como forma de valorizar os
trabalhadores, o seu trabalho, os seus direitos, mas também de promover a justiça social e de repor o poder de
compra que os trabalhadores têm vindo a perder.
Por tudo isto, acompanhamos a iniciativa legislativa que o Partido Comunista Português hoje, e com toda a
oportunidade, agendou para debate.
Srs. Deputados do PSD e do CDS, votamos a favor porque nos parece que não chega afirmar a coerência
dos proponentes ou a justiça dessa proposta, porque o mais importante é o sentido de voto das respetivas
bancadas. Os Verdes farão a sua parte!
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Soeiro, do Grupo Parlamentar
do Bloco de Esquerda.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O aumento do salário mínimo foi
uma vitória da sensatez económica contra a irresponsabilidade do empobrecimento.
Sim, o aumento do salário mínimo é bom para os trabalhadores e é bom para a economia, porque contribui
para a criação de emprego. Foi essa a porta que, contra a corrente, fomos capazes de abrir com acordo que
fizemos em 2015.
Basta, aliás, olhar para o que aconteceu em 2016, ano em que o salário mínimo subiu pela primeira vez:
menos 68 000 desempregados e mais 92 000 postos de trabalho do que no ano anterior. Aumentar o salário
mínimo não prejudica a economia nem a produtividade, nem destrói emprego, como dizia a direita, então.
Beneficia os trabalhadores, beneficia as pequenas e médias empresas, porque dinamiza a procura interna de
que elas dependem.
Porque fizemos este caminho de recuperação de rendimentos e de reconstrução da economia, podemos
hoje ir muito mais longe neste caminho de justiça social: o aumento do salário mínimo para além dos 600 €, que
já foram garantidos no acordo que fizemos em 2015, é possível e, aliás, não é mais do que uma pequena parte
da devolução a que os trabalhadores têm direito.
Como já aqui disse, se o salário mínimo tivesse sido atualizado todos os anos tendo em conta a inflação e a
produtividade, em vez de ter sido congelado como aconteceu entre 2011 e 2014, estaria hoje em cerca de 900
€, mas, além disso, com as alterações à legislação laboral promovidas pelo PSD e pelo CDS, em 2012, de uma
só penada e com uma única lei, operou-se uma inédita transferência de riqueza de 2,3 mil milhões de euros dos
trabalhadores para as entidades empregadoras, para as entidades patronais.