I SÉRIE — NÚMERO 16
34
O Sr. Manuel Frexes (PSD): — Em suma, três quartos do território estão em despovoamento acelerado!
Hoje em dia, depois de o Estado ter desertado do interior, chegou a vez do encerramento dos serviços de
interesse público, como os serviços bancários, correios, seguros, transportes e outros.
Hoje, assistimos ao encerramento de estações dos CTT nas sedes dos municípios, nas sedes dos nossos
concelhos do interior, de uma forma generalizada, a saber: Manteigas, Meda, Belmonte, Fornos de Algodres,
Figueira de Castelo Rodrigo, Vila Velha de Ródão e Vila de Rei, só para falar da Beira Interior.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — E quem privatizou os CTT?!
O Sr. Manuel Frexes (PSD): — A propósito de Vila de Rei, não resisto a dizer, neste Parlamento, que neste
município irão encerrar, até ao final do ano, a estação dos correios, o BCP Millenium e o Gabinete de Inserção
Profissional.
Então, pergunto: como é isto possível, sem que não se faça nada? Que País é este que estamos a legar aos
nossos vindouros? Que futuro há para cerca de 80% do nosso território?
Face a este dramático panorama, temos um Governo que jura a pés juntos a sua preocupação pelo interior
e que diz querer inverter esta situação. Pois bem, começou por criar uma unidade de missão que foi um rotundo
fracasso, para depois transformá-la num gabinete de reflorestação na sequência dos incêndios de Pedrógão,
para agora convertê-la numa Secretaria de Estado a sediar em Castelo Branco.
Pois bem, aqui deixo o desafio: se, porventura, a criação desta Secretaria de Estado não for só «para inglês
ver», então que se acabe imediatamente com o encerramento das estações de correios e de outros serviços de
interesse público, nas sedes dos municípios do interior!
Aplausos do PSD.
O Sr. Luís Graça (PS): — É preciso ser hipócrita!
O Sr. Manuel Frexes (PSD): — Porque acredito que é uma vergonha que os Correios de Portugal não
tenham, pelo menos, uma estação em cada um dos nossos concelhos, onde assegurem serviços postais de
proximidade e de qualidade, sobretudo nas regiões mais pobres e desfavorecidas, onde os idosos possam
continuar a levantar o vale da sua pensão!
O Sr. Luís Graça (PS): — Nós pensamos o mesmo!
O Sr. Manuel Frexes (PSD): — Gostaria de acreditar que este organismo do Governo, a Secretaria de Estado
da Valorização do Interior, não será a promoção de uma inutilidade nem o último ato de uma triste, enganadora
e confrangedora peça de teatro levada a cabo por este Governo, que adora as encenações do faz-de-conta, da
conversa fiada, da propaganda e das lágrimas de crocodilo!
Protestos do PS.
Em boa verdade, para este Governo, o interior não é uma prioridade. Nunca o foi! Tentou sempre iludir esta
questão com anúncios, medidas avulsas e piedosas intenções.
Para nós, o interior não é para fechar; antes, deve ser um desígnio nacional e uma causa que a todos deve
unir, convocar e responsabilizar. Precisamos de aprovar o estatuto dos territórios de baixa densidade, para que
se enquadrem as medidas de apoio e proteção às regiões mais desfavorecidas, que valide e dê cobertura política
e jurídica a todas as medidas de diferenciação.
Se, porventura, já tivéssemos aprovado a iniciativa apresentada pelo PSD nesta Legislatura, seguramente
não estaríamos a lamentar os inúmeros encerramentos de serviços de interesse público e não precisaríamos de
ter a bênção da Comissão Europeia para tratar fiscalmente de forma diferente o que é diferente, tal como
acontece nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.