I SÉRIE — NÚMERO 22
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Passamos ao debate do artigo 177.º — Transportes.
Tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias, do PCP.
O Sr. BrunoDias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, na teoria há
sempre unanimidade na promoção do uso do transporte público, na melhoria dos sistemas tarifários, na melhor
qualidade dos transportes, etc.
É preciso, então, passar à prática. É preciso criar condições concretas, desde logo, no financiamento, para
assegurar que a redução dos preços dos transportes se possa tornar realidade por todo o País. É esse o sentido
da proposta do PCP, relativamente ao Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART) nos transportes públicos,
do artigo 178.º da proposta de lei. É preciso garantir que, nas áreas metropolitanas, o passe social e o Andante
continuem, no futuro, com mais abrangência e preços mais baixos; é preciso reforçar as verbas para assegurar
que estas medidas possam chegar ao terreno em todas as CIM (Comunidades Intermunicipais); é preciso
salvaguardar as medidas que permitam a justa distribuição de recursos entre as empresas de transportes, para
impedir mais rendas excessivas para grupos económicos privados.
Propomos, ainda, que, nos artigos 175.º e 179.º, as medidas que excecionam a aquisição de navios e de
comboios, relativamente ao regime de delimitação de despesa face ao ano anterior — ou seja, a exclusão do
artigo 44.º —, possam aplicar-se também à manutenção das frotas.
Não basta prometer e anunciar, para o futuro, algumas medidas pontuais e insuficientes de aquisição de
navios e comboios, é preciso alargar essa renovação de frota na Soflusa, nos comboios suburbanos e de longo
curso, mas é preciso, desde logo, na manutenção destas frotas, romper com essa norma aberrante que proíbe
contratar mais manutenção do que no ano anterior, que proíbe o reforço das medidas de segurança operacional,
que proíbe recuperar e reparar mais navios e comboios.
Este é um problema que não pode continuar, que tem de ser alterado na lei do Orçamento do Estado e é
nesse sentido que o PCP apresenta essas propostas.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Passamos ao debate do artigo 178.º — Programa de apoio à
redução tarifária nos transportes públicos.
Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Ricardo Bexiga, do Partido Socialista.
O Sr. RicardoBexiga (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Secretários de Estado, Srs. Deputados, de facto,
o Programa de Apoio à Redução Tarifária é uma medida estruturante, no quadro das inúmeras medidas públicas
promovidas por este Governo, na promoção da mobilidade e na promoção dos transportes públicos.
Foram disponibilizados 83 milhões de euros às autoridades de transportes, destinados à redução das tarifas
nos transportes públicos coletivos, mas também à melhoria da oferta dos serviços e à extensão da rede.
É uma medida histórica: é uma medida que vai, finalmente, assegurar que todas as famílias possam optar
por um novo meio de mobilidade e que pode dar resposta às necessidades de transporte que resultam do facto
de as famílias poderem deixar, finalmente, os automóveis e aderir aos transportes públicos em cada uma das
cidades e dos nossos concelhos.
Sabemos que outros grupos parlamentares, como, aliás, foi há pouco referido pelo Sr. Deputado Bruno Dias,
defendem o aumento do valor alocado a esta medida. No entanto, gostaríamos de realçar que este Programa é
acompanhado por um outro conjunto de medidas estruturantes que não podem ser abandonadas nem podem
deixar de estar previstas no Orçamento do Estado: os grandes investimentos nas empresas públicas de
transportes, a revisão dos contratos de serviço público com as empresas que garantem um efetivo serviço
público de transportes, bem como o reforço das compensações financeiras atribuídas às diversas empresas
públicas de transporte do Estado.
Entendemos, portanto, que se trata de uma medida que vai mudar o paradigma da mobilidade e dos
transportes públicos em Portugal e que é, ao mesmo tempo, equilibrada, ao procurar garantir, em concertação
com as restantes medidas, que haja uma mudança naquilo que é hoje o panorama da mobilidade e dos
transportes públicos das nossas cidades.