4 DE JANEIRO DE 2019
27
Sr. Deputado, quero relembrar-lhe o Decreto-Lei n.º 37/2015, de 10 de março, que tem justamente a ver com
o exercício da profissão e que, quanto ao acesso à profissão, reconhece a questão da capacidade jurídica, da
habilitação académica e das qualificações profissionais, mas estabelece que o acompanhamento dos regimes
de acesso e de exercício de profissões ou atividades profissionais deve ser feito pela Direção-Geral do Emprego
e das Relações de Trabalho (DGERT), com a Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional
(ANQEP) e a Direção-Geral do Ensino Superior (DGES).
O que acontece — e o Sr. Deputado deve saber isso, visto ter falado tanto na necessidade de autorregulação
— é que o Estado está a falhar de forma crassa, o Governo está a falhar de forma crassa e, com ele, todo o
Estado, mas era ao Governo que caberia fazer este acompanhamento.
É isto que decorre deste Decreto-Lei, aprovado no final da Legislatura anterior. É que este é um mundo
dinâmico e, se estes criminólogos estão a ser prejudicados naquilo que é a sua transição para o mercado de
trabalho, não podemos deixar de reconhecer que a questão das profissões e do mercado de trabalho está em
constante mutação. Mas não deveria ter de ser a Assembleia da República a substituir-se ao Governo.
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — E isto não é por nenhuma questão partidária, é porque a apreciação
dos dados relativos à situação de sobreposição de várias profissões, até em vários momentos da sociedade,
não ajuda a ninguém e só vai prejudicar quer os profissionais, quer a sociedade que os profissionais servem.
Portanto, estamos aqui e viabilizaremos estes diplomas, mas consideramos que não deveria ser a Assembleia
da República a ter este papel.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para encerrar o debate, tem, de novo, a palavra a Sr.ª
Deputada Sandra Cunha.
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, é uma situação absurda, como já aqui
foi dito, o Estado reconhecer e certificar a formação destes profissionais e, depois, não reconhecer a profissão,
forçando estes profissionais altamente qualificados e especializados — nesta altura, já mais de 5000 — a um
estado de limbo profissional e de incerteza, limitando-os no seu desenvolvimento profissional. Isto não faz
qualquer sentido, nem tem qualquer justificação!
Ao longo desta Legislatura, o Bloco de Esquerda endereçou aos Ministérios da Justiça, da Administração
Interna e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social várias perguntas sobre este assunto, não se tendo
vislumbrado nas respostas recebidas nada que pudesse obstar ao devido e justo reconhecimento e
regulamentação desta profissão.
Sr. Deputado Ricardo Bexiga, estes profissionais não exercem a sua profissão com total liberdade, porque
estão efetivamente limitados no exercício dessas profissões e dessas funções, como, aliás, já referi na minha
primeira intervenção.
Como também já aqui foi dito, esta necessidade já foi reconhecida, por unanimidade, por esta Assembleia.
Na altura, o PS votou a favor do texto de substituição dos vários projetos de resolução apresentados, texto esse
que foi aprovado por unanimidade e resultou numa resolução da Assembleia da República para que fosse
reconhecida e regulamentada a profissão de criminólogo. Portanto, só se compreende que tenha sido a inércia
que manteve este estado de coisas.
Srs. Deputados do PS e do PSD, nós esperámos que o Governo fizesse o que lhe competia, mas, como não
o fez, fizemo-lo nós.
O PS continua à espera do Governo. O PSD não apresentou nenhuma iniciativa!
Protestos da Deputada do PSD Joana Barata Lopes.
Portanto, nós aqui estamos a apresentar uma iniciativa para cumprir aquilo que esta Casa já tinha decidido
e para garantir justiça aos criminólogos.