I SÉRIE — NÚMERO 35
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contrato assinado muito recentemente. As categorias profissionais e os seus conteúdos funcionais devem
manter-se na esfera da contratação coletiva.
A proposta do Governo também se refere às revistas efetuadas pelos trabalhadores de segurança privada,
que passam a poder fazê-las por palpação, embora não haja qualquer controlo nas situações de regimes de
segurança privada em sistemas de autoproteção.
Portanto, é uma proposta que avança com medidas que não garantem a salvaguarda de direitos
fundamentais dos cidadãos.
Sobre direitos fundamentais dos cidadãos, há, do nosso ponto de vista, o problema da videovigilância,
matéria que está expressa na Proposta de Lei n.º 151/XIII/4.ª.
A abrangência da captação de imagem agora exigida, além de obrigatória, passa para a, e cito, «zona exterior
envolvente», o que é demasiado vago e abre a possibilidade de captação de imagens de pessoas que circulem
nestes locais sem que sejam necessariamente utilizadoras de espaço vigiado. Aliás, foi este o alerta que a
Comissão Nacional de Proteção de Dados fez e nós achamos que deve ser atendido por forma a garantir a
minimização da afetação da privacidade e da violação de direitos e liberdades dos cidadãos.
Em suma, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda considera que as propostas de lei, do Governo, são
importantes porque respondem a uma necessidade de revisão que já existia há muitos anos, mas, tal como
estão, do nosso ponto de vista, não respondem aos problemas identificados, aliás, agravam alguns e criam
outros.
Na verdade, não se percebem estas opções do Governo, considerando o trabalho de análise e de propostas
feitas ao longo de mais de dois anos pelos vários atores do setor, desde os empregadores aos sindicatos e aos
trabalhadores. O Sr. Ministro referiu, e bem, o trabalho que foi feito, mas parece-nos que, apesar de ter feito
essa referência, não o teve em conta na elaboração destas propostas de lei.
Resta saber se o Governo está disponível para ter uma discussão mais aprofundada em sede de
especialidade a fim de podermos chegar a uma revisão da lei da segurança privada que resolva problemas, em
vez de os manter ou de os agravar.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia, do Grupo
Parlamentar do CDS-PP.
O Sr. TelmoCorreia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos
Parlamentares, Sr.ª Secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna, Sr.as e Srs. Deputados:
Centrando-me essencialmente na proposta de lei relativa à segurança privada, a primeira crítica que fazemos
tem a ver precisamente com o tempo que esta matéria demorou a ser refletida, ponderada e a chegar a este
Parlamento para ser discutida. Diz o Sr. Ministro que foram dois anos e tal de reflexão. Bom, foi muito tempo
para uma matéria que era urgente, que era relevante,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Claro!
O Sr. TelmoCorreia (CDS-PP): — … como, de resto, acabou por admitir quando mencionou casos concretos
que exigiriam alterações.
É verdade que, ao fim de todo este tempo, estas iniciativas legislativas, designadamente a que se refere à
segurança privada, vêm atualizar, alterar, introduzir melhorias em aspetos concretos, desde a delimitação aos
espaços confinados, a obrigação de um coordenador de segurança, o estabelecimento das competências do
próprio coordenador de segurança e até requisitos legais, que não são irrelevantes.
Apesar disso, diria que a proposta que agora o Governo nos traz é, na nossa opinião, uma claríssima
oportunidade perdida, como também se percebeu pelas intervenções que ouvimos tanto das bancadas do lado
de cá como das bancadas do lado de lá.
A questão central tem a ver com a responsabilidade e as competências do Estado, bem como com a tal ideia
que o Sr. Ministro referiu ainda há pouco sobre a complementaridade dos serviços e das empresas de segurança
privada. Porquê? Todos sabemos — e temos feito esta discussão muitas vezes — que o Estado, nestas áreas