I SÉRIE — NÚMERO 36
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A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Ao longo do tempo, temos vindo a receber queixas sobre salários, sobre
horários — até sobre salários em atraso nestas escolas privadas e excessivos horários de trabalho —, sobre
remunerações baixas e um deficiente acesso às carreiras e às progressões.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Isto é grave.
O Sr. Pedro Pimpão (PSD): — Grave é falar da qualidade e não saber o que vai no terreno!
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — É mais grave no caso de contratos de associação, em que é o Estado a
financiar estes direitos laborais que são violados ou que são deficientes, mas também é grave em qualquer
circunstância.
O Bloco de Esquerda compromete-se com o princípio da aproximação das carreiras dos professores no
ensino privado e no ensino público, porque aos professores são exigidos os mesmos deveres e, portanto, devem
ser-lhes conferidos os mesmos direitos, aliás, como era previsto no estatuto que a direita alterou em 2013 para
prejudicar os professores e beneficiar o negócio dos colégios privados.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem agora a palavra, em nome do PCP, a Sr.ª Deputada
Ângela Moreira.
A Sr.ª Ângela Moreira (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em nome do PCP, começo por saudar a
FENPROF pela luta em defesa dos direitos dos docentes do ensino particular e cooperativo e todos os docentes
do ensino particular e cooperativo que hoje se encontram nas galerias a assistir a este debate.
Aplausos do PCP.
O problema que esta petição traz a discussão na Assembleia da República prende-se com a última alteração
do Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo, alteração que o PCP não acompanhou, porque tínhamos
consciência de que com este novo decreto-lei, fruto do Governo PSD e CDS-PP, o que se pretendia era
favorecer a escola privada e delapidar os direitos dos docentes do ensino particular e cooperativo.
Na altura, o PCP requereu apreciação parlamentar do decreto-lei, tendo apresentado propostas de alteração
concretas, mas, como era de prever, foram rejeitadas.
A realidade veio confirmar que o PCP tinha razão. Desde a entrada em vigor deste Decreto-Lei, em 2013,
que estes professores veem as suas condições de trabalho agravar-se de forma violenta. Falar da situação
profissional destes docentes, até ao momento, é sinónimo de instabilidade, de desvalorização profissional, de
baixos salários, de aumento de horários de trabalho e tudo isto, Srs. Deputados, não são sinais positivos nem
para a educação, nem para o País. O desrespeito de sucessivos Governos pelos docentes do ensino particular
e cooperativo reflete o ataque mais geral contra os direitos dos trabalhadores, na sua dignidade e condições de
vida.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: A luta destes docentes é mais do que justa. O PCP acompanha as propostas
apresentadas na petição em discussão e que só são possíveis com uma alteração ao estatuto vigente, em
concreto, com uma alteração ao artigo referente aos docentes, que discrimina professores do privado em relação
aos do público. Sem esta alteração, este Estatuto é um retrocesso para a carreira docente do ensino particular
e cooperativo, que permitiu a celebração de um contrato coletivo de trabalho com a UGT (União Geral de
Trabalhadores), que chega a ser mais gravoso do que o próprio Código do Trabalho.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!