31 DE JANEIRO DE 2019
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do necessário para a devida valorização de serviços públicos da maior importância e a comparação com a
tragédia para o povo e o País, protagonizada por PSD e CDS com o pacto de agressão no último Governo, não
pode ser um argumento nem tão pouco um ponto final.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, o Governo tem de responder às perguntas
de quem se confronta com um atropelo diário aos seus direitos e de quem vê a situação arrastar-se sem fim à
vista.
Diz o Observatório de Emprego Científico que dos 3188 requerimentos apresentados por professores e
investigadores só 8% tiveram parecer favorável para regularização. Também nas carreiras gerais não estamos
no país das maravilhas, pois só 54% dos casos analisados obtiveram parecer favorável. Têm chegado relatos
constantes de concursos do PREVPAP (Programa de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários na
Administração Pública) por abrir, tentativas de reversão de pareceres favoráveis, exclusão de requerimentos,
indevida aplicação do Decreto-Lei n.º 57/2016, designadamente da falta de inclusão dos bolseiros de fundos
públicos em muitas instituições.
Têm ocorrido protestos, quer a nível institucional, quer na rua, dos trabalhadores em várias instituições, como
no Porto, no Algarve, em Lisboa, na UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro), em Coimbra ou na
Madeira.
Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, também os diversos laboratórios do Estado se debatem com inúmeras
dificuldades. Os trabalhadores com vínculo precário do IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera) são
cerca de 35%. O navio de investigação Noruega saiu da Doca de Pedrouços, na madrugada do dia 24 de janeiro,
para mais uma campanha de investigação no âmbito da missão do IPMA, com uma equipa científica em que
mais de 50% são trabalhadores precários, incluindo uma das chefes de campanha. Como é ainda possível,
nesta fase do «campeonato», que tal esteja a acontecer?
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Os Problemas no Sistema Científico e Tecnológico Nacional agravam-se
com outros ataques a direitos, como a falta de integração dos leitores das universidades, a proliferação de
professores convidados e com o desrespeito pelo preconizado no Orçamento do Estado ao nível da progressão
nas carreiras e o seu reflexo remuneratório. Quanto a este último aspeto, não pode haver soluções diferentes
para situações iguais. Não pode haver professores do ensino superior prejudicados em relação a outros
professores do ensino superior. Não pode existir trabalho igual considerado de forma diferente, a pretexto da
autonomia das instituições.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — O PCP defende que deve ser aplicado o regime mais justo, o que considera
de forma mais favorável todos os trabalhadores, evitando desigualdades. Cabe exclusivamente ao Governo do
Partido Socialista, de acordo com as suas competências, a emissão de orientações claras para todas as
instituições do ensino superior quanto à aplicação da norma respeitante às progressões remuneratórias,
garantindo a necessária dotação orçamental que responda ao acréscimo de encargos naturalmente decorrente.
Sabemos que o fator decisivo para que todas estas situações alcancem um bom porto é a luta organizada,
consequente e persistente dos trabalhadores em defesa dos direitos que justamente reivindicam. Mas o PCP
não deixará de fazer a sua parte para que os problemas se resolvam, valorizando os trabalhadores e defendendo
os serviços públicos. Continuaremos a confrontar o Governo e a exigir que assuma integralmente as suas
responsabilidades nestes processos. Questionaremos o Governo por cada caso concreto que chegue ao
conhecimento do PCP — este é o nosso compromisso.
Aplausos do PCP.