I SÉRIE — NÚMERO 45
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Sabendo que a implementação de uma estratégia para os recursos humanos na área da saúde depende
desta informação, propomos que seja criado o inventário nacional dos profissionais de saúde, que inclua dados
sobre características demográficas e profissionais, atividade efetuada, modalidades de contração, absentismo
e mobilidade, devendo ser mandatado um organismo independente, para refletir sobre a definição, fontes,
recolha, tratamento e utilização dos indicadores que compõem este inventário.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Teresa Caeiro, do Grupo
Parlamentar do CDS-PP.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Gostaria de começar
por saudar os mais de 6000 subscritores desta petição que, com toda a razão e legitimidade, vêm solicitar aquilo
que deveria ser uma prática comum e elementar, isto é, a existência de um planeamento dos recursos humanos
no setor da medicina, em Portugal, e com a qual se conjuga esta iniciativa do PAN.
De facto, esta estratégia concertada de recursos humanos em saúde, em Portugal, é absolutamente
necessária. É uma pretensão mais do que oportuna e essencial para que possamos proporcionar cuidados de
saúde adequados a todos os portugueses.
Desde logo, é preciso haver dados fidedignos sobre estes mesmos recursos humanos na saúde, em Portugal,
e isso, de facto, como já aqui foi referido, não existe.
Há muito tempo que o CDS o diz, e já tivemos oportunidade de, por diversas vezes, confrontar o Governo
com os vários números relativos aos recursos humanos e às respetivas contratações.
Todos estes números que foram apresentados são contraditórios entre si. Já chegámos, inclusivamente, à
situação bizarra de ter o anterior Ministro da Saúde a apresentar uns números, o Ministro das Finanças a
apresentar outros e o Primeiro-Ministro outros ainda, todos diferentes.
Não pode ser esta a transparência, não pode ser esta a credibilidade que temos em Portugal para gerir os
recursos humanos numa área tão sensível.
Portanto, como solicita a petição, é primordial criar um grupo de missão, uma comissão de avaliação para
fazer um levantamento sério e rigoroso dos recursos humanos nesta área, não só sobre os médicos, mas
também sobre os demais profissionais. Quantos foram, de facto, contratados, não só para o SNS, mas também
para outros setores?
O Governo, pela sua parte, tem de responder claramente a esta questão e detalhar quantos médicos,
enfermeiros, assistentes operacionais, técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, psicólogos,
nutricionistas, em suma, quantos profissionais estão, e em que local, à disposição dos utentes, no nosso País.
No que respeita à medicina, e respondendo à questão específica da petição sobre os médicos, queremos
saber quantos existem, em que especialidades estão, se são internos ou assistentes, quantos especialistas são
e de que área. Estão no SNS ou noutros setores? Quantos médicos se reformaram entre o final de 2015 e o
início de 2018? Todos foram substituídos? Temos capacidade para os substituir? Teremos possibilidade de
saber quantos se vão reformar nos próximos anos? Obviamente que sim.
A partir deste levantamento é obrigatório planear adequadamente e agir em conformidade, antecipar as
falhas, saber como fixar os médicos e os profissionais de saúde onde eles são mais necessários em termos
territoriais e em termos de especialidade e dar esta informação aos estudantes através de uma concertação
adequada e de uma articulação com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Isto, a propósito de expetativas que podem ser goradas — e são-no muitas vezes —, não só pelo Governo,
mas por falta de informação disponível. E temos aqui o exemplo da iniciativa apresentada pelo PSD sobre a
carreira dos técnicos superiores de diagnóstico.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, peço-lhe para concluir.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Vou concluir, Sr. Presidente.