31 DE JANEIRO DE 2019
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Não faz sentido termos listas para consultas por falta de médicos especialistas e em 2017, por exemplo,
termos negado o acesso à especialidade a 350 médicos; ou, em 2018, termos negado o acesso à especialidade
a cerca de 700 médicos recém-licenciados.
Por isso, propusemos e aprovámos, no Orçamento do Estado para 2019, um concurso extraordinário de
acesso à especialidade, que deverá acontecer em 2019. Deverá acontecer para somar vagas à especialidade e
garantir que Portugal forma mais médicos especialistas, médicos especialistas esses que faltam no Serviço
Nacional de Saúde. Assim, o Bloco de Esquerda vai, obviamente, exigir que este concurso seja concretizado e
efetivado durante este ano.
Mas o planeamento em saúde não é só ao nível dos médicos. Os médicos são, obviamente, importantes,
mas o planeamento não se reduz aos médicos. Falamos de enfermeiros, de técnicos superiores de diagnóstico
e terapêutica (TSDT), de assistentes operacionais, etc.
Há uma proposta do PSD sobre técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica que importa referir. Ia dizer
que o projeto do PSD «bateu no poste», mas foi ao lado do «poste», foi até bastante ao lado! É que o problema
não é concluir o processo negocial — ele até já foi concluído, unilateralmente, pelo Governo! —, o problema é
que a proposta do Governo é má, não serve.
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Pois, pois! Tem de lhes dizer isso a eles!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Não serve porque coloca 97% dos técnicos superiores de diagnóstico e
terapêutica na base da carreira. Não serve porque apaga o tempo de carreira destes profissionais
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Diga isso a eles!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Por isso, não basta dizer que é preciso concluir um processo.
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Não é isso que dizemos, de todo!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — É preciso dizer que é preciso fazer um outro processo.
Já poderíamos ter resolvido este problema no Orçamento do Estado para 2019.
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Pois podiam!…
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Por exemplo, no Orçamento do Estado para 2019, o Bloco de Esquerda
propôs uma alteração ao decreto-lei da carreira dos TSDT, onde garantia que todo o tempo de serviço era
contado para a transição para a nova carreira.
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — E então?!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Mas a proposta do Bloco de Esquerda foi chumbada com os votos do Partido
Socialista, que contou com a cumplicidade do PSD e do CDS-PP.
Protestos do PSD e contraprotestos do BE.
Mas a discussão do Orçamento do Estado para 2019 já lá vai, agora o que interessa é ver o que fazemos!
Interessa não ficarmos por projetos de resolução, que nada resolvem!
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Queria trazer um repto a esta Assembleia da República. Quando for promulgado o decreto-lei que o Governo
já aprovou em Conselho de Ministros, apresentaremos uma apreciação parlamentar para fazer alterações a
esse decreto-lei.