2 DE FEVEREIRO DE 2019
21
A proteção da mobilidade suave é um contributo para a necessária transição energética do País, pelo que
salvaguardar os direitos dos ciclistas é fundamental para a segurança rodoviária, mas também por estas
questões ambientais.
Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, o elo mais fraco não se pode aplicar aos utilizadores da bicicleta. O elo
mais fraco serve para um programa de entretenimento, não serve para a vida real e a utilização da bicicleta
como lazer ou como meio de mobilidade é cada vez mais a vida real. Para o Bloco de Esquerda na vida real
ninguém fica para trás.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Srs. Deputados, vamos passar ao ponto cinco da ordem de
trabalhos, que consiste na apreciação da Petição n.º 246/XIII/2.ª (Cristina Maria Tavares Coelho da Silva Alves
e outros) — Solicitam alterações legislativas com vista à consagração do justo tempo de serviço para o
sobrevivente oncológico.
Para dar início a este debate, tem a palavra a Sr.ª Deputada Teresa Caeiro, do CDS-PP.
Entretanto, a Mesa solicita aos restantes grupos parlamentares que indiquem as suas inscrições para este
ponto.
Tem a palavra, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Gostaria de começar
por saudar os mais de 8000 subscritores desta petição, que nos traz um tema muito delicado e para o qual o
CDS está extremamente sensibilizado. Aliás, temos vindo, ao longo dos anos, a apresentar diversas iniciativas
legislativas relacionadas com as doenças oncológicas.
A incidência do cancro continua a aumentar e, apesar de, felizmente, haver cada vez mais sucesso nos
tratamentos e no acesso a mais e melhor medicação, não podemos deixar de nos preocupar com o
acompanhamento desta doença quer ao longo do tratamento, quer na situação de sobrevida.
Como muito bem referem os peticionários, e vou citá-los, «Um considerável número de doentes que se
submeteram ao tratamento de um cancro e sobreviveram irão desenvolver efeitos tardios, ou seja, efeitos
colaterais que se desenvolvem meses ou até anos após o tratamento ter terminado. O acompanhamento e
tratamento destes efeitos deverá ser considerado um fator importante a ter em consideração nos cuidados do
acompanhamento após o tratamento.» E depois enunciam, detalhadamente, muitos desses efeitos colaterais
que podem surgir.
O CDS está perfeitamente consciente de que o impacto de um cancro pode ser devastador. Quando uma
doença oncológica é diagnosticada, o choque e o sofrimento da própria pessoa, da sua família e cuidadores são
imensos, mas, como dizem os peticionários, e como todos sabemos, estes efeitos prolongam-se no tempo.
Devemos e podemos realçar outros aspetos associados à doença oncológica extremamente complexos e
que, voltamos a dizer, têm impacto nos meses e anos em situação de sobrevida. Desde logo: as deslocações
regulares, muitas vezes de dezenas ou centenas de quilómetros, para os tratamentos; as medicações
agressivas, com efeitos secundários muito violentos; as modificações físicas visíveis; as dietas alimentares
restritas; a impossibilidade de o doente continuar o seu percurso laboral em normalidade; a necessidade
absoluta de isolamento, muitas vezes para proteção do seu sistema imunitário; a obrigação de os cuidadores
faltarem aos seus empregos para poderem acompanhar o doente; baixas prolongadas que têm como
consequência perda de rendimentos para o agregado familiar e, consequentemente, aumentos significativos de
despesas decorrentes de medicação, alimentação e deslocações.
Isto tem, voltamos a repetir, impacto ao longo dos anos, daí os peticionários virem pedir para o sobrevivente
oncológico a redução do período semanal de trabalho para 30 horas — tanto para o trabalhador do setor público,
como do privado — sem penalização da remuneração e, também, a concessão do direito à reforma com 30 anos
de serviço ou 60 anos de idade sem penalização.
Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Entendemos que é obrigação do Estado proteger estes
doentes mesmo em situação de sobrevivência. Devem ser tomadas todas as medidas possíveis e
financeiramente sustentáveis por forma a responder a estas necessidades.