2 DE FEVEREIRO DE 2019
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verdade que estas melhorias não são suficientes. Na perspetiva de Os Verdes, é absolutamente indispensável
ir mais longe, de forma a reduzir os condicionalismos e os obstáculos que impedem os cidadãos de aceder aos
cuidados de saúde.
Por isso, Os Verdes consideram que, em relação ao transporte de doentes, é fundamental alargar os critérios
de atribuição para maior abrangência dos casos. É esse o objetivo do projeto de lei que Os Verdes hoje trazem
para discussão, dando, assim, um contributo para remover os obstáculos no que diz respeito ao acesso dos
portugueses aos cuidados de saúde.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Oliveira, do Grupo
Parlamentar do PSD.
A Sr.ª Ana Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Congratulamo-nos por, hoje,
estar em debate um tema tão importante para tantos portugueses que necessitam diariamente de transporte no
âmbito do Serviço Nacional de Saúde.
Na nossa ótica, no debate de hoje, é fundamental falarmos de pilares estruturais nas políticas de saúde: a
universalidade e a igualdade dos cidadãos no acesso ao SNS.
É ainda obrigação do Estado garantir a equidade na distribuição de recursos e na utilização de serviços. Por
isso, faço uma pergunta aos Srs. Deputados do BE, de Os Verdes e do PCP: acham que os vossos projetos são
garante de equidade e justiça social enquanto pilares base na atuação do Estado de direito? Pois assim não
são!
O BE e o PCP, na sua visão ideológica de dar tudo a todos sem qualquer limite ao financiamento, não
condicionam nos respetivos projetos de lei, sequer, o transporte não urgente a uma situação clínica que o
justifique. Os Verdes vão ainda mais longe: assumem a gratuitidade deste tipo de transporte, sem qualquer
critério de análise, remetendo para uma decisão governamental posterior.
Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, também no passado não acompanhámos o regime altamente restritivo
criado na altura pelo Governo socialista de José Sócrates, em 2010, que determinou que «o pagamento do
transporte de doentes não urgentes é garantido aos utentes nas situações que preencham, simultaneamente,
os seguintes requisitos: em caso que clinicamente se justifique e em caso de insuficiência económica.» Ao
contrário do que o Sr. Deputado do Bloco de Esquerda disse hoje, isso já aconteceu no passado e revertemos
essa situação.
Assim sendo, não posso deixar de referir a evolução positiva neste regime de transporte ocorrida no anterior
Governo, PSD/CDS.
Pela nossa parte, o PSD continua a rever-se nesse regime do transporte não urgente de doentes, nos termos
do qual «o transporte não urgente de doentes que seja instrumental à realização das prestações de saúde no
âmbito do SNS é isento de encargos para o utente quando a situação clínica o justifique (…) e desde que seja
comprovada a respetiva insuficiência económica.»
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — É cumulativo.
A Sr.ª Ana Oliveira (PSD): — Não é cumulativo, Sr.ª Deputada.
Realçamos que o pagamento de encargos com o transporte é ainda assegurado pelo SNS aos doentes que
não se encontrem em situação de insuficiência económica mas que necessitem de cuidados de saúde de forma
prolongada e continuada.
Este, sim, é um regime justo, equilibrado e que respeita as necessidades e as condições de saúde dos
utentes do Serviço Nacional de Saúde sem pôr em causa a desejável transparência e a equidade do esforço
financeiro dos contribuintes portugueses.
Defender a gratuitidade universal do transporte não urgente, independentemente da situação económica, é
defender um igualitarismo socialmente injusto e que só desfavorece os mais vulneráveis.
Aplausos do PSD.