2 DE FEVEREIRO DE 2019
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demagógica e nunca privando aqueles que, com doença crónica, têm necessidade de recorrer ao transporte
não urgente.
Nessa medida, temos para nós claro que, para além daquilo que aqui estamos hoje a discutir, o que é central
é dotar o País de uma rede de transportes, não apenas pensando em Lisboa e no Porto, mas lembrando que o
problema das acessibilidades é mais grave no interior e que existe ao fim de três anos e tal de governação
socialista apoiada pelos que hoje propõem estes diplomas. O que é preciso é dotar o interior de melhores meios
de transporte para garantir que o acesso aos cuidados de saúde não está comprometido.
O CDS apoia medidas que não tenham que ver nem com demagogia nem com injustiça social ou com a
promoção de ineficiência. Entendemos, obviamente, que o direito à saúde, nomeadamente nos doentes crónicos
e que precisam de transporte, deve estar assegurado.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — A encerrar o debate, tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Cruz, do Grupo Parlamentar
do PCP.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, no final deste debate, fica efetivamente claro de que lado é que
estão aqueles que defendem o direito à saúde, aqueles que defendem que devem ser removidos todos os
obstáculos que ainda persistem no acesso à saúde e, em concreto, na atribuição do transporte não urgente de
doentes.
O PSD e o CDS vêm dizer que o regime que está atualmente em vigor é um regime justo. Ora, é um regime
que impede o acesso dos doentes a consultas, a tratamentos, a exames complementares de saúde. Bem
percebemos porque é que o PSD e o CDS defendem este regime. É que foram eles que muito contribuíram para
ele.
Mas diz o PS: «Nós reconhecemos que ainda existem problemas, reconhecemos os obstáculos, mas
precisamos de ir fazendo.» Sr. Deputado João Gouveia, do PS, nós reconhecemos os avanços, mas é preciso
ir mais longe, e só não se vai mais longe — e hoje fica mais uma vez comprovado isso — porque o PS não se
desamarra daquelas que têm sido as opções no que respeita à saúde, ao direito à saúde, e aquilo que
efetivamente o País deve fazer. E aquilo que o País deve fazer é remover todos os obstáculos que ainda
persistem no acesso à saúde no Serviço Nacional de Saúde. E isso passa, invariavelmente, pela aprovação da
proposta que o PCP aqui apresenta: que todos os doentes que tenham uma justificação clínica e que precisem
de transporte este lhes seja atribuído, que todos os doentes que não tenham condições económicas mas que
precisem de transporte que este também lhes seja atribuído.
Srs. Deputados, não se pode aceitar que doentes que não tenham capacidade financeira para suportar os
custos — e são muitos — não tenham direito ao transporte. Dou só um exemplo: um doente que viva em
Grândola e que precise de ir ao hospital a Santiago do Cacém paga entre 60 € a 70 € só de ida e paga o mesmo
montante no regresso. É isto que está aqui em causa, o acesso à saúde.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
O Sr. Presidente: — Passamos ao terceiro ponto da ordem do dia, que consta da discussão, na generalidade,
dos Projetos de Lei n.os 929/XIII/3.ª (Os Verdes) — Elimina o prazo para o desmantelamento dos veículos em
fim de vida nos centros de abate (alteração ao Decreto-Lei n.º 152-D/2017, de 11 de dezembro) e 1075/XIII/4.ª
(CDS-PP) — Fim do prazo de um ano para desmantelar veículos em centros certificados.
Para abrir o debate e apresentar o diploma do seu partido, tem a palavra, para uma intervenção, a Deputada
Heloísa Apolónia, de Os Verdes.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Através deste projeto de lei, Os
Verdes trazem uma proposta concreta à Assembleia da República de eliminação do prazo para o
desmantelamento dos veículos em fim de vida nos centros de abate.
Uma explicação muito breve sobre aquilo que está em causa: na política, devemos assumir princípios e
depois aplicá-los aos casos concretos. O princípio básico da política de resíduos é o de que a prioridade é dada