I SÉRIE — NÚMERO 51
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A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — Era má?! A Sr.ª Deputada não sabe o que dizia a proposta, mas vou
explicar-lhe!
O Sr. Adão Silva (PSD): — Exatamente!
A Sr.ª Elza Pais (PS): — Olhe que sei!
O Sr. Adão Silva (PSD): — Não, não sabia!
A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — A proposta dizia exclusivamente isto: que o relatório de
sustentabilidade da segurança social incluísse um relatório para a equidade intergeracional.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Vocês expulsaram pessoas, expulsaram jovens. Não tem vergonha?!
A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — Quer isto dizer que todos os portugueses ficavam a saber o impacto
de cada medida. Não era só desse Governo, era o impacto geracional de cada medida tomada neste País. E os
senhores fizeram o quê? Chumbaram a proposta!
Protestos das Deputadas do PS Elza Pais e Jamila Madeira.
É que sempre que há transparência, e bem, os senhores chumbam, tal como chumbaram a constituição da
comissão para se discutir a reforma da sustentabilidade da segurança social — que, às vezes, insistem em dizer
que é um problema, mas que, noutras vezes, não é um problema —, sabendo que o vosso relatório de
sustentabilidade diz que o saldo da almofada financeira se esgota em 2040! Mas, depois, não querem dizer o
que é que isso significa para uma pessoa que hoje tem 52 anos! Saldo esse que nem para dois anos dá, Sr.ª
Deputada!
Não me venha falar a mim, não nos venha falar a nós daquilo que é a sustentabilidade das novas gerações,
porque nisso, Sr.ª Deputada, a todas as gerações, e com toda a transparência, não nos dão lições!
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Vocês expulsaram muitos jovens!
Entretanto, assumiu a presidência o Presidente, Eduardo Ferro Rodrigues.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção em nome do Grupo Parlamentar do CDS-PP, o
Sr. Deputado Filipe Anacoreta Correia.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Fomos hoje
confrontados com um debate em torno da pobreza e das desigualdades em Portugal.
A pergunta que se impõe é esta: pode um partido, pode um político, pode uma ideologia, em nome dos
pobres, em nome daqueles que mais sofrem, em nome do combate à desigualdade, aumentar a pobreza,
aumentar a desigualdade?
Pode um político ter constantemente na boca os mais pobres e, na prática quotidiana das medidas que
implementa, virar-lhes as costas e agravar a sua situação?
Pode ou não pode?!
Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, todos nós sabemos que pode, e os portugueses têm bem presente, por
exemplo, aquilo que se está a passar, neste momento, na Venezuela.
É verdade, ou não, que um regime, em nome dos mais pobres, em nome do combate à desigualdade,
agravou fortemente o sofrimento, aumentou a desigualdade, atirou para a miséria um povo inteiro?