14 DE FEVEREIRO DE 2019
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Quem não entende que os mínimos sociais são uma das armas mais poderosas nas políticas de combate à
pobreza não perceberá nunca como combater a pobreza e as desigualdades na perspetiva da cidadania e da
inclusão.
Em primeiro lugar, este Governo recuperou as políticas de mínimos sociais através da reposição dos valores
de referência do RSI e do CSI, permitindo que mais pessoas estivessem em condições de aceder a estes
instrumentos poderosos de combate à pobreza, para além de ter feito três aumentos extraordinários das pensões
mais baixas.
Para as pessoas com deficiência, foi criada a prestação única, um salto significativo no âmbito prestacional
para esta população.
Uma das maiores dificuldades das famílias mais carenciadas e com menos recursos financeiros é o acesso
a uma alimentação equilibrada e regular, que sacie a fome, mas que, do ponto de vista nutricional, seja
equilibrada e contribua para a saúde das pessoas do seu agregado.
Há vários caminhos que se podem seguir.
Pode-se, como fez o anterior Governo, alargar as cantinas sociais a todas as pessoas carenciadas, numa
visão assistencialista, retirando-lhes o direito de escolha sobre a sua alimentação, retirando a capacidade de
normalidade do quotidiano dos agregados familiares.
Este Governo escolheu outro caminho: implementou o Programa Operacional de Apoio às Pessoas Mais
Carenciadas através da distribuição, com regularidade, de cabazes alimentares.
Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, até ao momento, foram distribuídas por todo o território mais de 13 500
toneladas de bens e apoiados mais de 30 000 agregados familiares, abrangendo 80 000 destinatários.
Estão envolvidas neste esforço 735 entidades, contando sempre com a total colaboração das IPSS,
incontornáveis na implementação da política de combate à pobreza.
Em Portugal, as famílias com crianças são aquelas que lideram o risco de pobreza e, por isso, destaca-se a
alteração dos valores do abono de família nos três primeiros escalões para as crianças até aos 3 anos e a
reposição do 4.º escalão, com majoração para as crianças de famílias monoparentais e para as crianças com
deficiência, criando assim condições para que possam frequentar respostas de creche antes da idade da
integração em pré-escolar na escola pública, que foi alargada às crianças a partir dos 3 anos, no caminho da
universalização.
Acrescentaria o investimento histórico na gratuitidade dos manuais escolares e no programa de reforço para
a diminuição do abandono escolar que, em 2017, atingiu valores muito encorajadores.
Por fim, queria afirmar que a exclusão e as desigualdades têm uma forte componente territorial e habitacional.
É fundamental que se aposte numa política de base local, chamando à participação as freguesias, os
municípios e as instituições sociais, imprimindo racionalidade aos recursos disponíveis, numa lógica de política
no caminho certo. Acompanhamento não é assistencialismo!
Aplausos do PS.
Mas também é importante falar de habitação, do programa 1.º Direito e da tão importante descida do preço
dos passes sociais, dando oportunidade à mobilidade.
Portugal, que tinha o objetivo de, até 2020, reduzir 200 000 pessoas em risco de pobreza e de exclusão, em
2107 já alcançou e ultrapassou este desígnio com uma redução de mais de 500 000. Mais do que duplicámos o
objetivo fixado pela estratégia europeia.
Sabemos quais as políticas que são eficazes e quais as que não o são.
Não há desculpa, este combate convoca-nos a todos! A República só se concretizará quando a pobreza for
banida e as desigualdades mitigadas.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Luís Soares, do Grupo
Parlamentar do PS.