I SÉRIE — NÚMERO 54
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Protestos do PS.
Talvez este Primeiro-Ministro nunca compreenda que o valor da verdade demonstra respeito e conquista
respeito.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — Mas os portugueses compreenderam-no nas últimas eleições e vão
voltar a compreender.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — É a vez do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda.
Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Moisés Ferreira.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as e Srs. Deputados: O CDS-PP foi
ao bolso, olhou para o calendário e percebeu que em 2019 há eleições.
Protestos do CDS-PP.
Depois, olhou para a sua direita no Plenário, viu o estado em que o PSD está e pensou: «Há espaço para
disputar uma direita que está em fragmentação».
Esta é a história desta moção de censura. Não há mais nada a contar sobre esta moção de censura!
Claro que havia uma dificuldade para o CDS-PP: é que não podia dizer que vinha àquilo que vinha e, portanto,
teve de encher o texto com alguma coisa que não fosse só esta disputa partidária com o PSD, nem que tivesse
de recorrer à mais descarada hipocrisia.
Quando se votou, já nesta Legislatura, um projeto do Bloco de Esquerda para revogar diplomas do anterior
Governo que ditavam o encerramento de valências dos hospitais e o encerramento de 11 serviços de urgência,
como é que votou o CDS-PP, que agora fala do Serviço Nacional de Saúde? Votou contra, defendeu o
encerramento dos serviços de urgência.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Bem lembrado!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Quando se votou a criação de um plano plurianual de investimento para o
SNS, como é que votou o CDS-PP? Não lhe interessava muito, absteve-se! O investimento não era coisa que o
preocupasse muito!
Protestos de Deputados do CDS-PP.
Quando se debateu um projeto do Bloco de Esquerda para garantir o acesso à especialidade a todos os
médicos e permitir a formação adicional de médicos no Serviço Nacional de Saúde, como é que votou o CDS-
PP? Votou contra! Não interessavam os médicos no Serviço Nacional de Saúde, não eram propriamente uma
preocupação!
Quando discutimos, no Orçamento do Estado para 2019, propostas do Bloco de Esquerda para garantir a
contabilização integral do tempo de carreira dos TSDT (técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica) para
a transição para a nova carreira e dos profissionais de enfermagem para a progressão na atual carreira, como
é que o CDS-PP, que tem falado tanto destes profissionais, votou? Absteve-se! Afinal, quando toca ao voto,
nem técnicos nem enfermeiros interessam muito ao CDS-PP.
Quando discutimos um projeto de lei apresentado pelo Bloco de Esquerda para acabar com o pagamento do
transporte não urgente para doentes que dele necessitem, como votou o CDS-PP? Votou contra, obviamente!
Na prática, quando é chegado o momento do voto, o CDS-PP rejeita defender o Serviço Nacional de Saúde,
os profissionais e os utentes. Mais valia, Sr.as e Srs. Deputados, censurarem-se a vós próprios.