21 DE FEVEREIRO DE 2019
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O Sr. António Filipe (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro e demais membros do Governo, Sr.as
Deputadas e Srs. Deputados: A moção de censura do CDS que hoje debatemos nasceu na sexta-feira e nem
chegou viva a sábado. Trata-se, regimentalmente, de uma moção de censura ao Governo, mas, em boa verdade,
não se dirige ao Governo.
O real objetivo desta moção de censura do CDS não é derrubar o Governo. O objetivo do CDS é marcar
território à direita.
O destinatário desta moção de censura não é o Governo, é principalmente o PSD e acessoriamente o recém-
nascido Aliança, nascido da mesma cepa e envelhecido nas mesmas caves!
Risos do PS.
Esta é a moção de censura que o PSD poderia apresentar, mas não quer, e que o Dr. Santana Lopes quereria
apresentar, mas não pode!
Risos do PS.
O País reagiu com a indiferença que é devida a uma iniciativa inconsequente, mas o PSD lançou-se num
fascinante debate interno entre o Prof. David Justino e o comentador Marques Mendes sobre a questão de saber
quem é que no PSD anda a fazer papel de idiota!
Risos do PS.
E enquanto no PSD se discute quem faz papel de idiota, o CDS chega-se à frente e não deixa os seus
créditos por mãos alheias.
Risos e aplausos do PCP, do PS, do BE e de Os Verdes.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, o discurso que o CDS traz hoje a este debate é recorrente e previsível.
Quando confrontado com as suas pesadas responsabilidades pela situação a que o Governo a que pertenceu
fez chegar o País, o CDS diz que recebeu o País na bancarrota, fazendo por esquecer que apoiou, uma por
uma, todas as medidas que conduziram o País ao estado a que chegou…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente
Aplausos do PCP.
O Sr. António Filipe (PCP): — … e que, se tivesse continuado no Governo para além de 2015, o caminho
não seria o da recuperação de direitos e rendimentos, mas o prosseguimento dos cortes, do aumento da pobreza
e da acentuação das desigualdades.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. António Filipe (PCP): — Quando, pela nossa parte, criticamos o Governo do PS pelo que não fez e
poderia ter feito de bem e pelo que fez e não deveria ter feito de mal, diz-nos o CDS que a responsabilidade é
nossa porque lhe aprovámos os Orçamentos.
Aprovámos, sim, Orçamentos que se traduziram em melhoramentos significativos para as condições de vida
do povo português e que, não obstante insuficiências que sempre assinalámos, tiveram efeitos positivos para a
economia portuguesa e desmentiram as previsões catastrofistas do PSD e do CDS.
E criticámos, sem tibiezas, posições assumidas pelo Governo ao longo destes três anos e meio, que,
significativamente, tiveram sempre a concordância do PSD e do CDS.