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I SÉRIE — NÚMERO 54

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nunca mais vem? Nada, porque é um Governo para o qual as pequenas e médias empresas são meros

contribuintes e é um Governo que despreza a agricultura, aceitando até um corte inadmissível das verbas da

política agrícola comum no próximo quadro comunitário.

Aplausos do CDS-PP.

Que futuro é que este Governo dá aos pensionistas e aos funcionários públicos, que estão em risco de perder

os serviços da ADSE? Nada, a não ser uma pura cegueira ideológica de uma Ministra que quer acabar com a

ADSE, porque acha que é, e passo a citar, «uma entorse no sistema».

O Sr. TelmoCorreia (CDS-PP): — Muito bem!

O Sr. PedroMotaSoares (CDS-PP): — Sejamos claros: não temos bem um Governo, temos, sim, um

conjunto de pessoas que se juntam à quinta-feira de manhã para discutir de que fação fazem parte, para saber

quem é que é mais ou menos à esquerda,…

Protestos da Deputada do BE Mariana Mortágua.

… quem é que é mais puro ideologicamente ou mais amiguinho do Bloco de Esquerda e do PCP.

Protestos do PS.

Sejamos verdadeiros: não temos bem um Primeiro-Ministro, temos, sim, um diretor de campanha que já só

pensa na próxima ação de propaganda.

Sejamos objetivos: este Governo pode não cair hoje — essa decisão está nas mãos do Partido Comunista e

do Bloco de Esquerda —, mas isso não substitui o que toda a gente já percebeu, que este Governo está acabado!

Aplausos do CDS-PP.

Este Governo tem uma equipa fraca, mas a crise que aí vem pressente-se forte e o País quer mudanças,

quer alguém que assuma a responsabilidade pelos desafios difíceis com que vamos ser confrontados.

É em nome desses portugueses que esta moção de censura é apresentada.

Este Governo recebeu um País com a economia a crescer, com o desemprego a cair e com um ambiente

económico internacional muito favorável. Perante uma oportunidade única para reformar e sustentar o

crescimento, o Governo escolheu investir nos interesses daqueles que julga serem os seus, em vez de defender

o interesse nacional, o interesse de todos.

A opção orçamental do Governo foi a de fazer recair a totalidade dos cortes da despesa no investimento e

nos serviços públicos, partindo de um princípio profundamente penalizador, nunca declarado ou assumido, de

que é possível e preferível trocar a satisfação dos utentes pela dos funcionários, demonstrando uma

insensibilidade social sem paralelo nos domínios da saúde, da segurança, da educação, dos transportes e da

coesão.

Repetiram mil vezes — agora mil e uma — a rábula do «virar a página da austeridade», mas, ao mesmo

tempo, aumentaram os impostos indiretos, mentindo até no caso do aumento do imposto sobre o gasóleo e

sobre a gasolina.

Prometeram mil vezes mais investimento e melhores serviços públicos, mas, ao mesmo tempo, Portugal ficou

com o investimento público em mínimos históricos, com uma pior execução dos fundos comunitários e com

serviços públicos em serviços mínimos.

Juraram mil vezes diálogo, mas apresentam-se com a arrogância de quem se acha autorizado a perseguir

classes profissionais inteiras, com a arrogância de quem destrata representantes de sindicatos democráticos,

com a arrogância de quem está mais preocupado com a sua autoridade do que com a autoridade do Estado.

Esta narrativa chegou ao fim e esta moção de censura marca também o fim dessa narrativa.