I SÉRIE — NÚMERO 55
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trabalhadores que têm dois, três ou quatro intermediários entre a empresa para a qual efetivamente prestam
serviço.
Falamos da EDP, da TAP, das telecomunicações, do IEFP (Instituto de Emprego e Formação Profissional),
do atendimento técnico de produtos, da segurança social, das finanças e até do próprio dia das eleições. Em
tudo se utilizam os serviços de call centers, ninguém contrata um único trabalhador para essas funções.
O Sr. Jorge Costa (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Não podemos continuar a aceitar um modelo de trabalho que empobrece quem
trabalha neste País.
O combate ao desgaste rápido no trabalho por turnos e no trabalho noturno é um trabalho do Bloco de
Esquerda que está a ser discutido na especialidade e terá uma influência direta nos trabalhadores dos call
centers.
Portanto, os trabalhadores sabem que contam com o Bloco de Esquerda para este debate mas, mais do que
contarem com ele para o debate, contam com o Bloco de Esquerda para combater, efetivamente, a desregulação
do setor e os abusos. Falta perceber se também contam com o Partido Socialista para este combate.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado António Carlos Monteiro, do Grupo
Parlamentar do CDS-PP.
Faz favor, Sr. Deputado.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs.
Deputados: O Sr. Deputado Tiago Barbosa Ribeiro sabe que a petição que nem há um mês discutimos aqui o
que pretendia era que o trabalho em call center fosse considerado como profissão de desgaste rápido. E o PS
agenda este debate de atualidade para quê?! É que, para além de, sendo um debate de atualidade, obrigar o
Governo do Partido Socialista a estar presente, pouco mais tem a dizer aos trabalhadores de call center.
É bom que o Governo esteja aqui presente para que clarifique a sua posição. Relembro o que o Governo
disse aos peticionários quando a Assembleia o interpelou sobre este tema, e cito, «Prevê o Código do Trabalho
que as interrupções ou pausas do período de trabalho que sejam impostas por normas de segurança e saúde
no trabalho sejam consideradas como tempo de trabalho.»
Mais ainda, e cito, «As disposições legais em vigor já permitem que as condições de trabalho pretendidas
sejam acauteladas por iniciativa e dever dos empregadores», concluindo por remeter para a negociação com os
parceiros sociais. Nada mais o Governo do Sr. Deputado disse!
Se esta é a posição do Governo do PS, do Bloco de Esquerda e do PCP, não deixa de ser irónico que, no
dia imediatamente a seguir à votação da moção de censura ao Governo que os senhores entusiasticamente
apoiam venham fingir que têm uma solução diferente da do Governo
Que o Bloco de esquerda e o PCP finjam que não têm nada a ver com o Governo que apoiam já estávamos
à espera. Que o Sr. Deputado Tiago Barbosa Ribeiro e o Partido Socialista venham fazer exatamente o mesmo
que os seus parceiros, desculpe que lhe diga, Sr. Deputado, é até ridículo. Ontem, o Sr. Deputado Tiago Barbosa
Ribeiro batia palmas, de pé, ao Governo. Hoje, vem prometer o quê aos trabalhadores de call center? Nada!
Aquilo que percebemos é que a única posição que o Partido Socialista tem para recomendar ao Governo é
a elaboração de um estudo. Meus senhores, entendam-se! Entendam-se! PS, Bloco de Esquerda e PCP
governam. Foi isso que os senhores disseram ontem aqui. Basta de fingimento! Basta de tentarem enganar os
trabalhadores de call center! Porque é isso que os senhores estão aqui a fazer!
Protestos do PS.
O CDS tem uma posição muito clara sobre esta matéria. Consideramos que o trabalho em call center, que
tem sido uma realidade que tem trazido cada vez mais trabalhadores a prestar serviços naquelas empresas,
tem uma penosidade própria, mas que há diferentes tipos de trabalhadores que prestam serviço em call center.