I SÉRIE — NÚMERO 55
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Se os senhores, que ontem aplaudiam entusiasticamente o Governo, vêm agora fingir que têm uma solução
diferente que o vosso Governo não executa, desculpe que lhe diga, isso é pura hipocrisia política. E não são só
os senhores que são hipócritas do ponto de vista político. São também o Bloco e o PCP!
Portanto, Sr. Deputado, nós estamos de consciência tranquila porque não estamos a enganar as pessoas.
Quem está a enganar as pessoas são os senhores!
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, em nome do Grupo Parlamentar do PCP, a Sr.ª
Deputada Rita Rato.
Faz favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Secretários de Estado: Saúdo o PS pelo
tema deste debate e queria começar por afirmar que não é rigoroso dizer que não se conhece o setor. Da parte
do PCP, conhecemos o setor, infelizmente marcado por uma realidade de baixos salários e de precariedade. E
o que se conhece, há décadas, é que o setor dos call centers e do recurso abusivo à subcontratação através do
regime de outsourcing e do trabalho temporário para servir necessidades permanentes dos grupos económicos
nacionais e multinacionais é marcado pelos baixos salários e pela precariedade.
Isso não significa que, de facto, não haja necessidade de se apresentar e reforçar o papel da ACT (Autoridade
para as Condições do Trabalho) no acompanhamento a estas empresas e à garantia dos direitos dos
trabalhadores. Deve acontecer e, por isso, as propostas que o PCP apresentou recentemente nesta Casa vão
nesse sentido.
Também não é rigoroso dizer que não existe contratação coletiva. Existe contratação coletiva e o Sr.
Secretário de Estado sabe que a contratação coletiva que existe tem sido negada aos trabalhadores. Existe
contratação coletiva na EDP, existe contratação coletiva na PT e na Altice, existe contratação coletiva na
Fidelidade. O que não existe é vontade do patronato de aplicar a contratação coletiva a estes trabalhadores.
Vozes do PCP: — Muito bem!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Portanto, argumentar-se que se deve resolver a regulamentação da profissão na
contratação coletiva e deixar os direitos dos trabalhadores na mão do patronato, que não quer a contratação
coletiva, é um presente envenenado.
Da parte do PCP, dizemos que temos estado solidários com os trabalhadores dos call centers. Em primeiro
lugar, porque há décadas que temos levantado questões e exigindo da parte do Governo e, diga-se de
passagem, Srs. Deputados, de sucessivos Governos — existe até um Deputado do CDS que, quando era
Ministro do Trabalho e o PCP apresentava propostas sobre a fiscalização dos trabalhadores dos call center da
EDP, da MEO, da NOS, da Fidelidade, nem respondia às perguntas do PCP, quanto mais mostrar preocupação.
Mas também é verdade que as perguntas que temos apresentado ao atual Governo não tem tido a resposta
necessária.
Vozes do CDS-PP: — Ah!…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Srs. Deputados, é importante dizer o seguinte: é muito curioso ouvir um Deputado
do PSD eleito pelo círculo eleitoral de Castelo Branco, onde o anterior Governo do PSD e do CDS encerrou o
call center da segurança social. Também não é menos verdade que o PCP sempre defendeu que esses
trabalhadores, que estavam no call center da segurança social em Castelo Branco, tivessem um vínculo e
fossem efetivados no quadro do Ministério da Segurança Social, coisa que o CDS nunca permitiu. Sr. Deputado
do CDS, quando aqui apresentamos propostas específicas de combate à precariedade, de criação e de
regulamentação da profissão, onde é que se situa o CDS? Situa-se ao lado do PS!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Ora bem!