I SÉRIE — NÚMERO 55
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também à questão dos vínculos. E, depois, há naturalmente todo um trabalho a fazer que, a nosso ver, quando
falamos de questões que têm a ver com as dimensões profissionais do exercício da atividade, deve
preferencialmente ser feito em negociação coletiva, porque, já havendo, de facto, acordos de empresa neste
setor, seria importante que houvesse contratação a nível setorial. E tudo aquilo que tiver a ver com a regulação
de coisas mais específicas deve ser objeto de um aprofundamento e de um trabalho que seguramente estaremos
em condições de fazer.
De qualquer modo, no que diz respeito aos contratos do Estado, temos procurado dar o exemplo. E um bom
exemplo que foi dado, ainda recentemente, e já por este Governo, foi o de, depois de ter sido desmantelado no
anterior Governo o centro de contacto da segurança social em Castelo Branco, o novo centro de contacto que
voltou a estar localizado em Castelo Branco tinha como um dos critérios fundamentais do caderno de encargos,
que foi definido para o concurso público, o facto de haver obrigatoriamente uma percentagem muito elevada de
trabalhadores com contratos permanentes. Este exemplo é a prova de que é possível ter centros de contacto
com práticas laborais adequadas e com níveis de precariedade inferiores àqueles que hoje em dia existem.
Aplausos do PS.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Está a estragar a vida ao PS!
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato. Informo, no entanto, que o Sr. Secretário de
Estado não dispõe de tempo para responder, a menos que algum grupo parlamentar lhe dê tempo.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — É para uma intervenção, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Com certeza.
Faz favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, a minha intervenção no final do debate é para dizer exatamente
isto, Sr. Secretário de Estado: é que os trabalhadores que estão no call center da segurança social deviam ter
um vínculo à segurança social,…
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Claro! Com certeza!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — … porque são trabalhadores efetivos da segurança social, porque respondem a
necessidades permanentes da segurança social.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Claro!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Alguém que atende o telefone e diz «Segurança Social Direta, bom dia!», está a
dizer «Segurança Social Direta, bom dia!», não está a dizer «Randstad, bom dia!», nem está a dizer «Tempo
Time, bom dia!», e, por isso, deve ser efetivado no quadro da segurança social. Ainda mais porque a segurança
social, diga-se de passagem, precisa destes trabalhadores «como de pão para a boca».
Efetivamente, o que marcou este debate quer da parte do Sr. Secretário de Estado quer da parte do PS —
porque também diga-se que, da parte do PSD e do CDS, não esperamos grande contributo para este debate,
nem grande nem pequeno, não esperamos contributo nenhum para este debate —, foi que a precariedade no
setor dos call centers não se confirma tanto no vínculo dos trabalhadores, confirma-se, sim, na opção de negócio
em que os grupos económicos estabelecem contratos de outsourcing e de prestação de serviços com empresas
de subcontratação de mão de obra. Então, o combate à precariedade tem de ser feito, em primeiro lugar, aí,
garantindo que os trabalhadores que são subcontratados não são subcontratados através de empresas, mas
são contratados diretamente pelos grupos económicos e integrados nos seus quadros. E são-no exatamente
por isso, porque respondem a necessidades permanentes.