22 DE FEVEREIRO DE 2019
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estaria presente numa coisa para a qual não foi convidado, o que é deselegante e, portanto, não o esperaria da
sua parte.
Fechando esse parêntesis, Sr. Ministro, o que tem a ver consigo é o que está neste Relatório. Isso, sim, tem
a ver consigo. E é sobre isso que queria falar com V. Ex.ª, não querendo, de resto, partidarizar excessivamente
um Relatório que é técnico e independente. Ora, se é técnico e independente, não só temos de respeitar o
trabalho técnico dos técnicos, como temos de ser independentes na sua análise.
Quero dizer-lhe, Sr. Ministro — a Sr.ª Deputada Patrícia Fonseca falará sobre a parte florestal —, que o CDS
não só participará no consenso que o Sr. Ministro deseja, como terá propostas muito concretas em relação às
conclusões deste Relatório.
Sr. Ministro, tendo em atenção aquilo que aconteceu e o trabalho feito por este Governo, não por V. Ex.ª,
mas por este Governo, a sua intervenção inicial foi — permita-me usar uma expressão que conhece bem — um
bocadinho poucochinho. Foi poucochinho, Sr. Ministro! Com todo o respeito! É que o Sr. Ministro, basicamente,
veio aqui dizer «mais, mais, mais», que há meias meios, que há mais prevenção, quando, da parte dos agentes
da proteção civil, das forças de serviços de segurança, dos bombeiros, de especialistas ouvimos que há «menos,
menos, menos». Quanto a isso o Sr. Ministro não teve uma única palavra.
Mas, mais e pior, Sr. Ministro, é que não falou do Relatório propriamente dito. O relatório, técnico e
independente, não deixou de ter aqui um conjunto de críticas, às quais o Sr. Ministro tinha aqui uma boa
oportunidade de responder, falando no atual sistema, não só de proteção civil, como de proteção florestal, o
qual é da responsabilidade de V. Ex.ª.
Devo dizer que o que mais me impressionou em relação a este Relatório é uma página, Sr. Ministro.
Neste momento, o orador exibiu o documento que mencionou.
Esta página fala do Sistema Nacional de Proteção Civil no âmbito dos incêndios rurais. Não sei se se vê lá
em casa, mas é indiferente, porque mesmo que as pessoas vejam, ninguém consegue perceber a cadeia de
comando, nem a forma como se relacionam todas estas entidades.
Não estou a dizer que a culpa é sua, Sr. Ministro. O que estou a dizer, e por isso disse que a sua intervenção
era poucochinho, é que o senhor devia vir aqui dizer «identificámos o problema; os técnicos identificaram o
problema; vamos apresentar propostas; as nossas propostas são estas».
Não o fez e, por isso, Sr. Ministro, dou-lhe uma segunda oportunidade: o que é que vai fazer perante isto? É
esta a pergunta.
Aplausos do CDS-PP.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente Jorge Lacão.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.
Faça favor.
O Sr. Ministro da Administração Interna: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Nuno Magalhães, de facto, sobre
a capa do Relatório não o posso ajudar, não sou responsável por ela. Mas garanto-lhe que não me fiquei pela
capa, li todo o conteúdo do Relatório e, aliás, comecei por citá-lo.
Protestos do Deputado do CDS-PP Nuno Magalhães.
O que quero destacar, a bem daquilo que é uma prioridade para todos os portugueses, é o reconhecimento
do trabalho significativo desenvolvido e o quanto estamos a fazer. É um trabalho que responde no imediato,
respondeu em 2018 e vai responder, ainda de forma mais eficaz, em 2019. São quase 200 equipas profissionais
de bombeiros, mais do que nos 17 anos anteriores.
Fez-se a restruturação do sistema, dando finalmente coerência territorial, isto é, adotou-se a mesma estrutura
na área da agricultura, da administração interna, isto é, da área da organização municipal.