22 DE FEVEREIRO DE 2019
21
política de matérias relacionadas com o ordenamento e a gestão florestal, nomeadamente em relação aos
incêndios rurais.
Na verdade, Sr.as e Srs. Deputados, o ICNF não tem sido incapaz de reforçar a sua estrutura; tem sido, isso
sim, impedido de o fazer pela política de austeridade e de emagrecimento do Estado protagonizada anos a fio,
quer por governos do Partido Socialista, do PSD e do CDS. Lá está, são estruturas a mais, recursos a menos.
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Agora é o vosso!
O Sr. Carlos Matias (BE): — O Relatório chama ainda a atenção para os riscos de se avançar para uma
maior territorialização da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil sem que se mantenha a coerência
territorial com outras entidades, como a GNR e o ICNF.
Esta coerência territorial é particularmente grave no âmbito da defesa da floresta contra incêndios, que exige
estruturas ágeis, com uma hierarquia de comando clara e uma atuação sobre o território com limites bem
definidos.
Mas os peritos do Observatório, Sr.as e Srs. Deputados, vão mais longe e o Bloco de Esquerda acompanha-
os nesse passo.
Também neste sistema nacional é essencial estabelecer um nível de coordenação regional intermédio
adequado a funcionar com base no princípio da subsidiariedade. Ou seja, é preciso regionalizar.
O Governo, o PS e o PSD que os ouçam bem e se deixem de descentralizações que não passam de
verdadeiros flops. Precisamos de órgãos regionais, com legitimidade democrática própria para terem força e
autoridade democráticas, com capacidade de coordenação.
Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, trabalhar para as populações e com as populações na prevenção e no
combate dos incêndios é uma tarefa que exige determinação, recursos e saber.
Por parte do Bloco de Esquerda, nada disso faltará a quem se bate pela recuperação e pelo desenvolvimento
dos espaços rurais.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Emília Cerqueira,
do PSD.
Faça favor.
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as Deputadas e Srs.
Deputados: Começo por cumprimentá-los, bem como aos membros do Observatório Técnico Independente, aqui
presentes, pelo grande trabalho que têm vindo a fazer.
Sr.as e Srs. Deputados, estamos aqui, hoje, porque, na verdade, o Governo falhou. Falhou hoje, falhou em
2017 e continua a falhar para preocupação de todos nós, porque, apesar de ter à sua mão um manancial de
soluções como nunca teve nenhum governo, continua a falhar.
Desde logo, basta recordar que esta Comissão Técnica Independente — que, aliás, foi criada sob proposta
do PSD, e que tem continuidade, agora, com o Observatório Técnico Independente — apontou falhas e caminho
para colmatar os grandes erros cometidos pelo Governo.
Mas, passado ano e meio, o Governo continua a não estar à altura das suas responsabilidades. E o pior é
que parece não ter aprendido com as lições que devia ter retirado de 2017.
O relatório do Observatório Técnico Independente, que hoje aqui discutimos, retrata bem as falhas e
demonstra que o Governo, apesar de ter dado alguns passos — naturalmente, deu-os —, ainda não
implementou medidas estruturantes de políticas integradas de combate aos incêndios rurais.
Das preocupações apontadas, que o PSD acompanha, sobressaem, três grandes fatores: a Proteção Civil,
os bombeiros e a AGIF (Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais).
Quanto à Proteção Civil, os técnicos mostram grande preocupação com a nova Lei Orgânica da Proteção
Civil. Sim, Sr. Ministro, porque, ao contrário do que disse, uma das grandes preocupações é a descontinuidade
territorial, a nova organização territorial que está a ser criticada pelos técnicos. E o Governo sai com a nova lei