I SÉRIE — NÚMERO 55
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âmbito, mas sem meios suficientes para lhes dar resposta; a proteção civil continua a investir no combate aos
fogos e quase nada na prevenção, também por falta de meios.
Depois, há os bombeiros. O Estado, para assegurar as suas funções, não recorre a polícias voluntários, a
médicos voluntários ou a técnicos de proteção civil voluntários. Porque é que o sistema de combate a incêndios
está dependente de voluntários? Pergunto isto não querendo, obviamente, tirar o mérito a estas pessoas, que é
muito, mas precisamos de mais. Precisamos de mais profissionalização, de mais formação e de mais
reconhecimento.
O Estado continua a deixar numa situação de risco eminente as pessoas, os animais e a floresta. A pergunta
que se coloca ao Governo é esta: até quando?
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Susana Amador,
do PS.
A Sr.ª Susana Amador (PS): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, Srs. Membros do
Governo: Começo por saudar o Observatório Técnico Independente e por referir que também estivemos na
apresentação deste Relatório. Não estivemos na fase inicial, mas o PS esteve presente nessa mesma
apresentação.
Sr. Ministro, não vou lhe mostrar nenhum mapa, não lhe vou mostrar a capa do Relatório do Observatório
Técnico Independente, porque ambos sabemos que estamos perante um sistema de proteção civil complexo,
denso, que envolve um conjunto de estruturas e de entidades, uma vez que os problemas são também muito
exigentes, problemas esses que temos cada vez mais de prevenir, de combater e de enfrentar com o reforço de
meios que temos vindo a ter.
Estamos, de facto, a viver um clima de adversidades permanentes, de catástrofes naturais e humanas, que
exigem cada vez mais escala nacional mas, também, escala europeia, estando aí igualmente o mecanismo
europeu da proteção civil.
O que importa é, acima de tudo, capacitar mais, utilizar o conhecimento, a inovação e a ciência também ao
serviço da proteção civil, fiscalizar mais e melhor, que é o que estamos a fazer, profissionalizar, especializar,
coordenar e comunicar. Importa comunicar bem, com claridade, com eficiência e com segurança.
Sr. Ministro, gostaria ainda de dizer que a reforma sistémica que temos em curso decorre das conclusões da
Comissão Técnica Independente e decorre, aliás, também, do próprio Programa do Governo, que definiu, e bem,
como prioritário o desenvolvimento do patamar preventivo do sistema de proteção civil, a criação de
comunidades resistentes e resilientes ao risco e a melhoria da resposta operacional.
Tem sido este o nosso caminho: conciliar o Programa do Governo, exigente nesta matéria, com as
conclusões pertinentes da Comissão Técnica Independente, tendo em conta o drama dos incêndios ocorridos.
Refiro ainda que o Relatório do Observatório é, a nosso ver, importante, porque mune a Assembleia da
República, as comissões competentes, de propostas e de análises quer de um ponto de vista estrutural, quer de
um ponto de vista sectorial. O Grupo Parlamentar do Partido Socialista também reconhece e agradece o apoio,
porque a ação política tem de ser cada vez mais habilitada para que essa ação seja, também, qualificada. Por
isso, é um bom contributo para os nossos trabalhos.
Todas ou grande parte das recomendações que estão neste Relatório obrigam-nos a trabalhar num conjunto
de frentes de trabalho que são pertinentes. Estamos a trabalhar nessas frentes de trabalho e estamos
concentrados em investir, somando mais equipamentos, como aconteceu com a recuperação e a construção de
quartéis, designadamente de 69 quartéis, num total de 31 milhões de euros, com a obtenção de mais 78 viaturas
operacionais e a criação de 20 novos postos de emergência médica. Acrescentámos ainda mais recursos
humanos, mais recursos operacionais ao sistema, uma vez que sabemos que com a direita houve claramente
um desinvestimento, uma descapitalização quer em recursos humanos, ao nível das florestas e ao nível da
proteção civil, quer em meios operacionais.
O mapa que podiam ter trazido, Srs. Deputados do CDS e do PSD, era o mapa do desinvestimento sempre
em queda também neste setor.
Gostaria ainda de dizer, Sr. Ministro e Srs. Membros do Governo, que as alterações climáticas e as ameaças
colocadas às populações nos impelem a todos a reforçar, e bem, a prevenção, a vigilância, a fiscalização, a
sensibilização, o investimento e o combate, que é o que temos vindo a fazer — é um reforço que saudamos.