I SÉRIE — NÚMERO 58
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europeia. Repito, na defesa da democracia europeia porque todos já percebemos que as democracias europeias
estão a ser ameaçadas e estão a sê-lo por forças desta natureza.
Esta questão é tanto mais importante quanto haverá eleições europeias dentro de três meses e é por isso
que existe este plano de contingência por parte da União Europeia, o qual foi pedido pelo Conselho Europeu à
Comissão Europeia e assenta num conjunto de pilares que têm como objetivo fundamental a defesa das
democracias europeias.
O Sr. Deputado lembrou Bannon. Bannon não manda no mundo inteiro mas, pelo menos neste momento,
está concentrado na Europa. Todos sabemos que ele está concentrado na Europa, a trabalhar na Europa e a
trabalhar para as eleições europeias.
A questão que queria colocar ao Sr. Deputado — que já não tem agora tempo para responder, mas talvez
haja tempo para responder mais tarde, na continuação deste debate — é se efetivamente entende, em primeiro
lugar, que é necessário defender as democracias europeias, e, em segundo lugar, se acha que cada Estado-
Membro pode só por si combater aquilo que é um ataque sistemático às democracias europeias. Ou seja,
considera mais eficaz um plano de ação nacional ou um plano de contingência ao nível europeu?
O Sr. José Magalhães (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Margarida Marques (PS): — É muito importante que as instituições europeias tenham procurado,
dentro do quadro da sua capacidade legislativa, que é limitada nesta matéria, conseguir o compromisso junto
das diferentes plataformas para que elas se possam associar — o Facebook, o Twitter, etc. — no sentido de
poderem identificar fake news, verdadeiras fake news, ou seja, notícias que possam prejudicar e que possam
reorientar todo o processo de preparação das eleições europeias, pondo em causa as democracias europeias.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Dou a palavra ao Sr. Deputado Luís Monteiro, do Bloco de
Esquerda, para uma intervenção.
O Sr. Luís Monteiro (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O debate sobre a desinformação não é
um debate novo, não é um debate só nacional nem um debate só europeu. Isso exige que a análise e a
capacidade de discutir o problema também nesta Casa, na Assembleia da República, nos obrigue a abrir
fronteiras com outros intervenientes, com outros organismos e com outra capacidade de análise.
É errado assumir um debate sobre as fake news com um posicionamento meramente conjuntural sobre se é
este ou se é aquele governo que hoje toma a condição de governar o País. E é justamente por não se poder
assumir com essa ligeireza o debate sobre as fake news que, se todos os grupos parlamentares, hoje, na
Assembleia da República, assumissem o papel de atacar o Governo ou a oposição por criarem fake news em
relação àquilo que é ou deveria ser a conduta do Governo e do País, então, estaríamos a discutir a situação do
País mas não estaríamos a discutir a desinformação e as fake news.
Aliás, retornemos, por exemplo, a 2011. Em 2011, em plena campanha eleitoral para as legislativas, o então
candidato Pedro Passos Coelho jurou a pés juntos não cortar o 13.º nem o 14.º mês.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Foi antes! Foi em abril!
O Sr. Luís Monteiro (BE): — Repito, jurou a pés juntos não cortar o 13.º nem o 14.º mês. O que é que fez,
mal chegou ao Governo? Cortou o 13.º e o 14.º mês! Estamos perante uma fake news? Não, Srs. Deputados!
Estamos perante um governante que mentiu ao País, mas não estamos perante uma situação de fake news.
É esse o problema do PSD,…
Protestos do PSD.