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I SÉRIE — NÚMERO 68

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Ninguém de boa-fé acha que o Serviço Nacional de Saúde está hoje melhor do que há quatro anos. O caso

da ala pediátrica do Hospital de São João, que poderia estar já feita, mas nem sequer ainda começou, a farmácia

hospitalar do Hospital de Gaia, a falta de equipamentos médicos no Hospital de Santa Maria, o aumento das

queixas dos utentes, a multiplicação da greve dos médicos, enfermeiros e outros profissionais, todos estes

exemplos, entre muitos outros que poderia dar, mostram um SNS mal dirigido por este Governo e esta maioria.

Bem sabemos que há sempre escassez de recursos e não ignoramos que os fenómenos demográficos do

envelhecimento e da baixa natalidade contribuem para o desafio da sustentabilidade do sistema público de

saúde.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado, queria pedir-lhe que terminasse o seu pedido de

esclarecimento, por favor.

O Sr. José de Matos Rosa (PSD): — Mas sejamos sérios: este Governo e os partidos da extrema esquerda,

que dizem apoiá-lo, sacrificaram o SNS a uma gestão ideológica que põe o Estado no lugar das pessoas. Nós,

no PSD, pelo contrário, defendemos um SNS universal e de qualidade, mas com uma gestão orientada para a

obtenção dos resultados e para os utentes.

Os senhores governam a pensar nas eleições; nós servimos Portugal e os portugueses.

Aplausos do PSD.

Vozes do PS: — Ah!…

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para formular um último pedido de esclarecimento, tem a palavra

a Sr.ª Deputada Ana Rita Bessa.

Faça favor, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra da Saúde, ouvi aqui a Sr.ª Deputada Joana

Mortágua, no discurso habitual do Bloco de Esquerda, com a sua notória posição contra os privados…

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — O ódio!

A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — …e a sua habitual posição paradoxal, porque, por um lado, os privados

são chantagistas, só querem o lucro, não querem a saúde dos doentes e só querem cuidar de si próprios, mas,

por outro lado, há que salvaguardar e preservar a ADSE, ADSE que, lembro, é precisamente a porta que permite

que a Administração Pública se desvie do SNS para os tais privados maus, chantagistas e que procuram o lucro.

Portanto, o Bloco de Esquerda vive sempre na corda bamba com este seu paradoxo, umas vezes para um

lado, outras vezes para o outro, particularmente, e como tenho dito aqui várias vezes, em ano eleitoral, em que

não dá jeito nenhum dizer à Administração Pública e aos seus beneficiários que é melhor não irem à ADSE, que

o melhor é irem para as filas das listas de espera, de que aqui tanto ouvimos, esperar dois anos, no melhor dos

casos, por uma consulta no SNS.

A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — São eles que pagam!

A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Como não diz isso, vive com esse paradoxo. É um problema seu.

Já o seu Ministério tem outro paradoxo e o Sr. Secretário de Estado, aliás, já deu nota dele publicamente,

como já tive ocasião de o confrontar. E cito: «A ADSE é ainda uma entidade pública e tem de prosseguir o

interesse público. Se quiser prosseguir o interesse privado dos seus beneficiários, então, privatize-se». Dito de

outra maneira, o paradoxo do Ministério é este: de duas, uma, ou a ADSE e os contributos dos seus beneficiários

servem para gerir o orçamento do SNS e como válvula de gestão das falhas orçamentais que o SNS tem, ou,

então, se não é para isso, mais vale privatizar. Esta é a posição do Sr. Secretário de Estado.

Com tantos paradoxos entre o Governo e os partidos que o apoiam resulta claro que a ADSE está

desgovernada. Portanto, à pergunta que tenho feito repetidamente e que ainda ontem voltei a fazer, porque