I SÉRIE — NÚMERO 68
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Aplausos do PS.
O CDS limita-se a exibir sem pudor a sua tendência para explorar títulos de jornais e, com desfaçatez,
distanciar se das suas responsabilidades passadas. A interpelação de hoje não engana: é mais do mesmo, nada
traz de novo!
Sr.as e Srs. Deputados, há pouco mais de um mês, o CDS apresentou uma moção de censura ao Governo
em que a saúde foi invocada como móbil principal. A moção de censura, por descabida, foi justamente rejeitada,
tendo tido no esquecimento o destino que merecia.
A recente e interesseira preocupação do CDS com o Serviço Nacional de Saúde levou a sua líder, há duas
semanas, num pretenso mimetismo simétrico do Primeiro-Ministro, a fazer um périplo pelo Serviço Nacional de
Saúde para evidenciar apenas os seus problemas e fragilidades.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — O eleiçoeiro Dr. Costa!
O Sr. António Sales (PS): — Até disse que o SNS estaria mesmo a morrer por culpa deste Governo. Mas a
líder do CDS atrasou-se quatro anos, porque, nessa altura, sim, estava mesmo a morrer. E não fosse a
intervenção deste Governo, teríamos mesmo declarado o óbito!
Aplausos do CDS-PP.
A interpelação de hoje faz parte destes números políticos do CDS que, com as habituais lágrimas de
crocodilo, faz hoje subir o assunto à instância parlamentar para mais uns momentos de pretensa glória
oposicionista.
O costume, e que só revela má consciência e miopia política: má consciência de quem cortou recursos
humanos, cortou financiamento, encerrou serviços urgência, deslocalizou despesa pública para os privados e
deixou o SNS na penúria; miopia política de quem não viu, e continua a não ver, após 2015, o aumento de
profissionais, o reforço de financiamento, a redução de taxas moderadoras e o reforço da centralidade e da
capacidade do Serviço Nacional Saúde.
Sr.as e Srs. Deputados, face à diferença de atuação política entre o Governo anterior e o atual, esta
interpelação do CDS justifica-se por um problema de amnésia conveniente.
O CDS refugia-se na temática da saúde porque perdeu todos os outros combates políticos que considerou
essenciais: perdeu o combate do desemprego, porque baixámos fortemente o desemprego; perdeu o combate
do défice, porque conduzimos as finanças públicas ao equilíbrio; perdeu o combate da economia, porque
melhorámos o crescimento económico. Numa só palavra, perdeu o combate, porque Portugal está melhor.
A Sr.ª Maria Antónia de Almeida Santos (PS): — Muito bem!
Protestos da Deputada do PSD Conceição Bessa Ruão.
O Sr. António Sales (PS): — Por estas razões, o CDS sente que só lhe resta procurar refúgio para a sua
ação política no que corre menos bem, explorando as fragilidades ou carências pontuais, em fase de resolução,
de organizações tão complexas como são os hospitais e centros de saúde.
É esta a única razão que justifica esta interpelação do CDS, que revela, apenas, a incapacidade e a fraqueza
da posição política do CDS.
Por isso, Srs. Deputados, a verdadeira preocupação do CDS não é o bom desempenho do Serviço Nacional
de Saúde, a sua causa é outra.
O CDS é um pseudoconvertido ao Serviço Nacional de Saúde, com uma agenda oculta, de hipocrisia política,
cujo objetivo é acabar com o Serviço Nacional Saúde.
Srs. Deputados do CDS, devem dizer aos portugueses qual é a vossa verdadeira agenda política e ao que
vêm e o que propõem. Digam, de forma clara, o que defendem: renderam-se ao artigo 64.º da Constituição ou
mantêm-se fiéis à vossa posição de sempre, a favor de um seguro de saúde e contra o SNS?