I SÉRIE — NÚMERO 74
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Contudo, estamos, como é evidente, totalmente disponíveis e empenhados para contribuir, em sede de
especialidade, para uma redação inequívoca e que permita continuarmos o trabalho que temos feito até aqui de
«desplastificação» da economia e de combate a este modelo económico extrativista e produtivista.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Passamos à próxima intervenção, que cabe ao Grupo
Parlamentar do PSD.
Tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Coimbra.
O Sr. Bruno Coimbra (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Estamos a correr contra o tempo!
Hoje, é por demais evidente que estamos a correr contra o tempo e a perder a batalha para a qual estamos
convocados a nível ambiental.
Alterações climáticas, fenómenos extremos, contaminação por microplásticos são diferentes faces de um só
problema, o resultado da ação humana no planeta.
Estamos a correr contra o tempo, pois estes são problemas que o tempo não vai resolver por si só, apenas
agudizar.
A verdade é que, por mais difíceis que sejam as alterações comportamentais que temos de assumir enquanto
sociedade, não podemos continuar a privilegiar o descartável num planeta que não o é.
Estamos a correr contra o tempo, e já nem falamos dos problemas da propagação descontrolada da poluição
dos plásticos lá longe, nas correntes do Pacífico, ou em ilhas paradisíacas do Índico, transformadas em lixeiras
de plástico a céu aberto. Nem mesmo essa errada e confortável ilusão de distância do problema nos é permitida
agora.
O problema está aqui, na soleira da nossa porta. Todos os dias somos confrontados com novas notícias: o
estuário do Douro inundado de microplásticos; as praias de Tavira cobertas por marés de lixo; o peixe que
pomos nos nossos pratos, e que damos a comer aos nossos filhos, contaminado.
O plástico, esse material extraordinário, resiliente, versátil e tão útil é hoje uma calamidade!
Sr.as e Srs. Deputados: Somos os representantes eleitos do povo português, de uma sociedade cada vez
mais consciente desta problemática e que espera de nós atitudes concretas e medidas corajosas para enfrentar
esta corrida contra o tempo.
As novas gerações estão atentas, estão aqui nas nossas galerias e ainda há menos de um mês se
manifestaram à nossa porta. É preciso que as nossas ações mostrem que os estamos a ouvir e que o muito que
já fizemos seja amplamente superado pelo que ainda podemos fazer.
As nossas ações têm de ser grandes o suficiente para falarem mais alto do que o ensurdecedor ruído que o
planeta tem feito, exigindo mais de nós. Assim, não nos falte a vontade nem a coragem política.
Temos de fazer um esforço conjunto para encontrar soluções com vista à substituição, gradual mas efetiva,
do plástico descartável no quotidiano dos cidadãos. Um esforço que engloba o recurso a novos materiais, novos
designs, novos hábitos, novas fileiras de reciclagem e novos empregos daí decorrentes, ou seja, uma economia
circular em que todos os agentes sejam beneficiados com a sustentabilidade.
O PSD defende que uma economia forte e um ambiente saudável não são inimigos, não são opostos, podem
e devem coexistir e potenciar-se.
Em 2015, fizemos nascer o Compromisso para o Crescimento Verde, que envolveu mais de uma centena de
organizações da sociedade civil, com metas ambiciosas, consolidando políticas e reformas e colocando Portugal
na liderança da economia verde. Desenhámos o Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos, que trouxe
ambição na reciclagem e na reutilização de resíduos. E, com a fiscalidade verde, gerámos a maior mudança
comportamental da sociedade portuguesa, reduzindo drasticamente a utilização dos muito nocivos sacos de
plástico leves.
No que diz respeito ao plástico, operámos a maior mudança de hábitos de vida dos portugueses com
benefício de todos.
Mais recentemente, apresentámos projetos para o cumprimento das metas de redução de resíduos de
plástico.
Apontámos ao fim da utilização de louça descartável de plástico na restauração e à sua substituição por
materiais 100% biodegradáveis.