I SÉRIE — NÚMERO 77
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A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, o senhor não consegue dar
uma única resposta concreta, mas, então, faço-lhe uma mais fácil: quem é que no seu Governo está a gerir esta
crise? É o Ministro do Ambiente e da Transição Energética? É o Ministro do Trabalho? É o Ministro da Economia,
que apareceu a falar? Ou é o Ministro das Infraestruturas, que agora aparece a dizer que vai ser o negociador?
Quem é o responsável?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, tem a palavra para responder.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, o responsável sou eu, através dos Ministros
competentes para cada uma das áreas.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Assunção Cristas.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Sr. Primeiro-Ministro, passarei a dirigir-lhe diretamente as perguntas,
uma vez que ninguém, sequer, percebe quem são os outros Ministros que estão responsáveis por este domínio.
Portanto, se é o Sr. Primeiro-Ministro, ainda bem, é a si que vamos sempre perguntar.
Sr. Primeiro-Ministro, passo ao tema que nos trouxe aqui hoje e que é muito importante, o tema da segurança
social. Compreendemos bem a posição do Governo, que aqui é a mesma que é noutras áreas: há um problema
e o aumento de impostos trata de resolver esse problema. Mas eu acho que as questões são mais profundas e
não têm a ver com este estudo que apareceu agora.
Desde logo, o Conselho Económico e Social, em relação ao Orçamento do Estado, sinalizava que era pouco
compreensível que, apesar da evolução demográfica claramente desfavorável para a segurança social, os
resultados do exercício de projeção apontassem para uma melhoria.
Mais ainda: os dados que o Sr. Primeiro-Ministro nos traz hoje estão assentes — e era bom que as pessoas
soubessem isso — numa melhoria de produtividade que nos coloca ao nível da Alemanha.
Acho ótimo que tenhamos essa ambição, queremos e devemos trabalhar para isso, mas, infelizmente, não é
essa a nossa realidade neste momento, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Queria fazer-lhe uma pergunta com muita clareza.
O que as pessoas precisam de saber, com segurança, Sr. Primeiro-Ministro, quando têm 20, 30, 40, 50 anos,
é com o que podem contar para orientarem a sua vida e não estarem a confiar numa solução que, se calhar,
não vai aparecer ou que não vai aparecer de acordo com a generosidade, o desejo e o direito das pessoas.
Portanto, a minha pergunta é esta: a uma pessoa que tem hoje 30, 40 ou 50 anos, o que é que o Sr. Primeiro-
Ministro responde, se essa pessoa lhe perguntar quando é que se poderá reformar e quanto é que terá de
reforma? Será o mesmo ou menos do que aquilo que está a receber enquanto está na vida ativa? Quanto é que
essa pessoa vai receber na sua reforma?
Aplausos do CDS-PP.
Protestos do Deputado do PS Fernando Rocha Andrade.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Assunção Cristas, não percebeu o essencial.
O que tem melhorado a sustentabilidade da segurança social não é o aumento de impostos, é o aumento de
emprego. Mais e melhor emprego, é isto que tem melhorado a sustentabilidade da segurança social.