18 DE ABRIL DE 2019
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Para que isso aconteça é fundamental o quê? Primeiro, que haja mais e melhor emprego. Em segundo lugar,
que se acabe com a «lei Cristas» em matéria de rendas e que se assegure estabilidade e condições de acesso
à habitação acessível para que as jovens famílias possam ganhar autonomia. É necessário, efetivamente, criar
condições para a diversificação das fontes de financiamento, é necessário um apoio às políticas de família,
desde o abono de família, desde o acesso à educação, desde o apoio aos cuidadores informais, desde o apoio
aos mais idosos, de forma a que as famílias tenham melhores condições para poderem ter os filhos que
desejarem.
Mas é preciso também ter consciência de que não bastam políticas de natalidade para termos um melhor
equilíbrio demográfico, temos de ter mesmo uma nova política migratória, e isso implica quer um esforço de
recuperação dos que partiram, quer um esforço de atração daqueles que são necessários. É essa a nova
orientação da política migratória que temos e que contribuirá também positivamente para a sustentabilidade da
segurança social.
É assim que, em conjunto, podemos assegurar que, em vez do alarmismo, o que damos às novas gerações
é aquilo que têm direito a ter: tranquilidade sobre o seu futuro, confiança de que, tal como os seus avós, tal como
os seus pais, eles próprios vão ter direito a receber a sua pensão, através de um sistema público e universal,
que é aquele que garante, nas horas boas e nas horas más, o futuro e o direito à vida de todos nós.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, lembramo-nos que o PSD e o CDS
queriam cortar 600 milhões de euros ao ano nas pensões e também nos lembramos que o programa
macroeconómico do Partido Socialista tinha um congelamento de 250 milhões de euros ao ano. Ainda bem que
esse não foi o caminho e ainda bem que protegemos todas as pensões.
Estamos de acordo que a sustentabilidade da segurança social se consegue com mais emprego e mais
salário e que o desafio demográfico, ele próprio, precisa de melhor emprego e de melhores serviços públicos.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, sobre a precariedade e a proposta do Governo, se os jovens à procura do primeiro
emprego não devem estar sujeitos a contrato a prazo por esse facto, porque é que ficam sujeitos a uma
duplicação do período experimental? Porque é que um jovem à procura do primeiro emprego há de ter o dobro
do período experimental? Isto é precariedade! Porque é que se aumentam os contratos de muito curta duração
a todos os setores e se permite que sejam pelo dobro do tempo — contratos orais? Como é que é possível esta
precariedade?
E porque é que o Governo, que propôs um agravamento da TSU para contratos a prazo — o Bloco de
Esquerda pronunciou-se a favor pois reforçava as receitas da segurança social —, quando foi fazer o acordo
com os patrões na concertação social acabou por esvaziar o modelo e nem sequer chega à receita que tinha
previsto, que era de 300 milhões de euros? A medida passou a estar esvaziada, só tem exceções e o efeito vai
ser nulo.
Portanto, eu repito a pergunta: Sr. Primeiro-Ministro, quando olha para a segurança social, quando vem aqui
dizer-nos que o que é preciso é, de facto, melhor emprego, mais salário, quando nos diz que os jovens não
devem estar sujeitos a mais precariedade pelo facto de serem jovens, considera ou não que este era o momento
de se recuar e de se perceber que também não podem estar sujeitos a um maior período experimental só pelo
facto de serem jovens? E que os contratos de muito curta duração não são mais do que a informalidade na
economia e no emprego, tendo todas as piores práticas, e que a medida de agravamento da TSU para penalizar
a precariedade, essa sim, é aquela medida que devia ser reforçada e que teria a capacidade não só de dar mais
direitos a quem trabalha como mais receitas à segurança social?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.