26 DE ABRIL DE 2019
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garantir aumentos extraordinários nas pensões, reforçar o abono de família e outras prestações sociais, garantir
a gratuitidade dos manuais escolares até ao 12.º ano, desagravar a carga fiscal sobre os trabalhadores, melhorar
o acesso à reforma de trabalhadores com longas carreiras contributivas ou com profissões penosas nas
pedreiras e nas minas.
Todas as medidas tomadas são, certamente, pequenos passos, considerando a dimensão dos problemas do
povo e do País, mas são passos que devem ser valorizados pelo que significam na vida do povo português,
porque demonstram bem que vale a pena lutar e porque confirmam que o caminho que há a fazer é o de avançar.
É preciso ir mais longe e avançar decididamente no sentido de uma verdadeira política alternativa,
comprometida com os valores de Abril, que dê resposta aos problemas estruturais que atingem o povo e o País
e não andar para trás.
Uma política de defesa e cumprimento dos direitos dos trabalhadores — condição indispensável para o
desenvolvimento e progresso de um país —, de criação de emprego com direitos, de valorização dos salários e
das pensões, de reforço da proteção social.
Uma política de combate à precariedade, ao desemprego, às desigualdades sociais e que garanta uma
melhor e mais justa distribuição da riqueza.
Uma política que defenda os direitos sociais do povo, reforçando e investindo nas funções sociais do Estado:
um Serviço Nacional de Saúde geral, universal e gratuito; uma escola pública, gratuita e de qualidade; uma
segurança social pública, universal e solidária; um serviço público de cultura.
Uma política de defesa e investimento na produção nacional e de recuperação de setores estratégicos para
a nossa economia, que liberte a economia portuguesa das suas dependências estruturais e do domínio dos
grupos monopolistas.
Uma política que afirme o direito soberano de Portugal ao seu desenvolvimento, rejeitando as ingerências e
imposições da União Europeia.
Uma política que defenda o direito dos povos à autodeterminação e à soberania, que se oponha ao
militarismo, com um projeto de cooperação internacional para a paz e o desarmamento.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: A Revolução de Abril é a prova viva de que vale a pena lutar, de que a força
de um povo derrota inevitabilidades.
São muitos os momentos, ao longo destes 45 anos, que demonstram bem que pela luta é que vamos, que
avançar é preciso e que a luta dos trabalhadores e do povo é imprescindível para a transformação social.
Porque Abril pertence ao povo, foi a sua força que o construiu, será a sua força que o consolidará.
Será com os valores de Abril que se construirá o futuro de Portugal: um País mais livre, mais democrático,
mais desenvolvido, mais justo e solidário.
Porque não desistimos de sonhar nem de lutar para «transformar o sonho em vida», que viva Abril!
Aplausos do PCP, do PS, do BE e de Os Verdes.
O Sr. Presidente da Assembleia da República: — Tem a palavra, para uma intervenção, pelo Grupo
Parlamentar do CDS-PP, o Sr. Deputado Filipe Anacoreta Correia.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente da República, Sr. Presidente da Assembleia da
República, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Presidentes dos Tribunais Superiores, Altas Autoridades Civis, Militares e
das Forças de Segurança, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa, Sr. Núncio Apostólico, Ilustres
Representantes do Corpo Diplomático, Minhas Senhoras e Meus Senhores: Neste 25 de Abril cumprem-se 45
anos do início do processo democrático que viria a consolidar-se no dia 25 de Novembro de 1975.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Ao celebrarmos 45 anos, damo-nos conta de que nos
aproximamos da idade do regime que nos antecedeu. Se recuarmos até ao momento em que aquele regime
completou 45 anos, o que nos dizem as crónicas do tempo? O registo do ano de 1971 relata-nos uma
normalidade rotineira. Durante aquele ano de 71 não há muito mais registos de sobressaltos políticos, além de
panfletos clandestinos, o doloroso silêncio infligido a presos políticos e posições como as da «ala liberal» que