I SÉRIE — NÚMERO 81
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um corte de 15% no segundo pilar da PAC (política agrícola comum), porque é isso que está em cima da mesa,
aparentemente, numa negociação congelada, ao nível da Comissão Europeia.
No entanto, mais até do que os próximos fundos — que não serão sequer negociados por este Governo,
uma vez que, entretanto, teremos eleições —, preocupa-me muito a execução dos atuais fundos comunitários.
Sr. Primeiro-Ministro, sabemos que, neste momento, a execução estará 10 pontos percentuais abaixo da
execução do quadro anterior em igual período.
Vamos a um tema em concreto, que tem trazido muito debate a este Parlamento: a ferrovia, onde temos
apenas 9% de execução concreta, paga e fechada, da despesa. Ao mesmo tempo que temos esta execução,
vemos uma degradação do serviço público, a nível dos comboios da CP (Comboios de Portugal), com a
supressão de cinco comboios por dia, só no último ano, e ouvimos críticas e queixas relacionadas, por um lado,
com o investimento e, por outro lado, com a necessidade de contratação de mais pessoas para poder manter o
nível de oferta. De resto, a crítica é a de que, se nada for feito, a oferta vai diminuir ainda mais.
Ora, os dados são claros, no entanto, ouvimos o Sr. Ministro das Infraestruturas dizer, neste Parlamento, há
dois ou três dias, primeiro, que o planeamento para 2016 foi realista e ambicioso — e, portanto, não se
concretizou! — e, segundo, que as contratações dos trabalhadores dependem do Ministério das Finanças, mas
que se vai bater por isso. A expressão foi esta: «vai-se bater por isso»! Mas ainda disse outra coisa: «É preciso
convencer o restante Governo de que o reforço na CP é prioritário.» E mais: «Não tenho a resposta que queria,
mas assumo essa dificuldade e o compromisso de que vamos tentar.»
Sr. Primeiro-Ministro, está ou não convencido da necessidade? Assume ou não esse compromisso?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro, António Costa.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, quanto à taxa de execução, comecemos por um
domínio que conhece bem, que é o da agricultura.
No domínio da agricultura, o Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020) tem já uma taxa de execução
de 53%. Se compararmos com o anterior PRODER (Programa de Desenvolvimento Rural 2007-2013), temos
oito meses de avanço na execução dos fundos da agricultura…
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Fomos nós!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … e, neste momento, estamos entre os cinco países com o melhor nível de
execução relativamente ao Programa de Desenvolvimento Rural.
No que diz respeito à política de coesão, como sabe, estamos mesmo em primeiro lugar entre os países que
têm níveis de financiamento relevantes. Temos 78% da verba já contratada, temos 35% da verba já executada
e estamos em primeiro lugar em termos de taxa de execução.
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — Não é verdade!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Quanto à negociação, aquilo que lhe posso garantir é que temos feito todos os
esforços para conseguir evitar qualquer perda relativamente à situação anterior. A preços correntes, como já lhe
demonstrei, não há perda, até há um avanço, mas, mesmo em preços constantes, queremos evitar que haja
essa perda na coesão.
Estamos particularmente preocupados com o segundo pilar da PAC. Já conseguimos que o Comissário
Hogan declarasse publicamente que o corte de 40% previsto para o POSEI (Programme d'Options Spécifiques
à l'Eloignement et à l'Insularité) não existirá — disse-o publicamente na Região Autónoma dos Açores — e
estamos a trabalhar afincadamente para poupar também qualquer corte no segundo pilar da PAC. Aliás, é
possível que isso aconteça. Ainda recentemente, o meu colega finlandês aqui esteve, porque, como sabe, esse
é outro país onde o segundo pilar da PAC tem particular relevância, e temos vindo a construir uma boa aliança
para garantir esse objetivo. Aquilo em que temos de nos focar é em continuar a trabalhar em todas as instâncias
para evitar qualquer tipo de corte.