I SÉRIE — NÚMERO 82
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responsabilidade — anulou a terceira travessia do Tejo, anulou seis ou sete subconcessões e reviu algumas
linhas ferroviárias —, e o CDS disse «bom, já que as circunstâncias financeiras do País estão degradadas, já
que é preciso rever, nós sugerimos a suspensão do TGV», quem é que salvou o Eng.º José Sócrates e o
Governo do Partido Socialista, para que houvesse mais TGV e mais PPP? Nada mais, nada menos do que o
Bloco de Esquerda! Portanto, o Bloco de Esquerda deixou de ser enganado pelos «bolos» e pelos TGV e passou
a apoiar o Partido Socialista, criando um conjunto de PPP. É só rever a história.
Em 2019, o Sr. Deputado Heitor de Sousa, com problemas na via e nos freios, avança e propõe um plano
nacional ferroviário. Tudo à grande!
Risos do Deputado do BE José Manuel Pureza.
Isto diz muito da responsabilidade! Uma rede principal, uma rede complementar, secundária, em bi-bitola,
em linha dupla. Enfim!… E depois não explica como se paga, sendo certo que é curioso que este modelo, este
plano, só é possível num governo onde o Bloco de Esquerda não esteja, onde o Bloco de Esquerda não participe.
Risos do Deputado do PSD Paulo Rios de Oliveira.
O Sr. Deputado diz assim: «Bom, isto é parecido com o Plano Nacional Rodoviário». Verdade! Foi aprovado
por unanimidade, foi um plano discutido, consensual e a 30 anos. Sabe o que é que originou o Plano Nacional
Rodoviário? Originou o descalabro das PPP que os senhores tanto abominam.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ora bem!…
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — São 1100 mil milhões de euros do Orçamento do Estado para este ano,
só para pagar PPP!
Ou o Sr. Deputado garante aqui que este plano nacional ferroviário não vai precisar de colaboração, de
parcerias com os privados, em PPP?!
O Bloco de Esquerda, que faz uma guerra ideológica aos privados, que faz uma guerra ideológica contra as
PPP na saúde, vem agora propor um plano, cujas contas que apresenta são tão certas ou tão erradas que basta
olhar para o que já está no Ferrovia 2020, no Aveiro-Salamanca, para perceber que, quanto às contas que estão
no plano, «a bota não bate com a perdigota»!
Mas depois há uma subtileza ideológica do Bloco de Esquerda. E qual é essa subtileza ideológica? «Nós
queremos tudo à grande, comboios bonitos, os melhores da Europa». É preciso uma terceira travessia no Tejo.
«Sim, mas aí já não queremos uma terceira travessia rodoferroviária, só ferroviária». Então, como é que, no
principal investimento na maior área metropolitana do País, onde a mobilidade é necessária, a existir, por
exemplo, o aeroporto do Montijo, os senhores dizem «não, aí só queremos uma ponte ferroviária»?! O senhor
depois explica porquê: porque está no contrato que uma nova ponte rodoferroviária sobre o Tejo terá de ser
entregue a quem?! Ah! O Bloco de Esquerda aqui foi honesto: «Nós não gostamos dos privados, nós não
gostamos da Mota Engil e, portanto, queremos uma pontezinha, pequenina, que é um ataque…
Protestos do Deputado do BE Jorge Costa.
O Sr. Heitor de Sousa (BE): — Amigos da Lusoponte!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Ó Sr. Deputado, fazer só uma ponte ferroviária, no seu plano todo, é a
mesma coisa que tentar comer sopa sem colher! O senhor não percebeu que, de facto, o constrangimento
ideológico leva-o a dizer mal e a pôr em causa o seu próprio plano.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Vou terminar, Sr. Presidente.