I SÉRIE — NÚMERO 84
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da Misericórdia de Lisboa — que estão há anos a falsos recibos verdes —, que foi a de que se vai iniciar um
processo de reconhecimento dos seus contratos de trabalho, então, já terá valido a pena o agendamento do
Bloco de Esquerda. Estaremos aqui para ver como será concretizado esse processo.
Queremos também respostas sobre as amas da segurança social e sobre as amas da Santa Casa e
queremos também saber o que é que o Governo pensa sobre os problemas que colocámos aqui acerca do
trabalho temporário, do combate ao outsourcing, e de outros temas que estão em discussão. Por exemplo, por
que razão é que os advogados hão de continuar a ser enquadrados de forma precária, por via do recibo verde,
e não hão de ter um enquadramento que lhes reconheça os seus direitos e o contrato de trabalho.
O Sr. Ministro disse que se o PREVPAP fosse aplicado ao privado seriam abrangidos mais 200 000
trabalhadores. Então, tem de se aplicar o PREVPAP a esses 200 000 trabalhadores! É preciso que a Autoridade
para as Condições do Trabalho atue e consiga garantir o respeito pelos direitos dos trabalhadores e pela lei do
trabalho. E, também, claro, é preciso mudar a lei.
O Sr. Ministro falou aqui do debate que teremos na especialidade. O problema que está em debate neste
Parlamento não é o das medidas que o Bloco de Esquerda e o Governo acordaram no grupo de trabalho que
fizeram para combater os contratos a prazo, o problema é o das medidas que o Governo foi negociar com os
patrões como contrapartidas de precarização, em relação ao compromisso que havia sido feito com a esquerda.
E o voto do Bloco não faltará nunca no combate à precariedade, em medidas de combate à precariedade, na
limitação de contratos a termo ou de trabalho temporário ou noutras medidas que propomos, na especialidade,
e em relação às quais temos muita curiosidade em saber se o Partido Socialista será ou não capaz de as
acompanhar.
Agora, não conte connosco, não conte com o voto do Bloco para generalizar contratos de curta duração,
contratos de boca, sem proteção social, em todos os setores ou para alargar o período experimental, fazendo
com que, para postos de trabalho permanente, haja patrões que possam fazer rodar jovens à procura do primeiro
emprego para preencher o mesmo posto de trabalho. Para isso, Sr. Ministro, para essas dinâmicas de
precarização, para essas novas formas de precarização, que são contrapartidas oferecidas aos patrões, em
relação a outras medidas que foram negociadas à esquerda, para isso, naturalmente, não conte com o voto do
Bloco de Esquerda.
O debate que temos a fazer é também sobre isso: sobre as formas de precarização que estão reconhecidas
e sobre as novas formas de precarização, não aquelas que estão previstas na lei, mas aquelas que acontecem
na prática.
Finalmente, deixo-lhe um desafio sobre um contrato que lhe trouxe como exemplo, de realização de atividade
profissional como profissional liberal, de um daqueles jovens que anda de bicicleta a entregar refeições.
O Sr. Presidente: — Tem de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. JoséMouraSoeiro (BE): — Considero, Sr. Ministro, que também temos obrigação de pensar nestas
novas modalidades de precarização.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, também para um pedido adicional de esclarecimentos, pelo Grupo
Parlamentar do CDS-PP, o Sr. Deputado António Carlos Monteiro.
O Sr. AntónioCarlosMonteiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, gostaria de lhe dizer, com toda a
franqueza, que, por mais que fale, não consegue explicar por que razão é que PS, Bloco e PCP diziam que esta
legislação laboral ia aumentar o desemprego e o Sr. Ministro agora vem dizer que aumenta o emprego, e
aumenta o emprego com qualidade.
A Sr.ª WandaGuimarães (PS): — Porque não é esta legislação!
O Sr. AntónioCarlosMonteiro (CDS-PP): — É que a legislação que está atualmente em vigor é a legislação
do PSD e do CDS!